
J'ai toujours aimé le désert. On s'assoit sur une dune de sable. On ne voit rien. On n'entend rien. Et cependant quelque chose rayonne en silence.
Antoine de Saint-Exupéry





Conhecemo-las como Cataratas Vitória, o nome com que, em 1805, David Livingstone as baptizou, em homenagem à rainha que, na época, governava o império britânico. Chamavam-lhe os locais Mosi-oa-Tunya, o fumo que troveja. Serpa Pinto, no seu "Como eu atravessei África" sugere o fumo que se levanta, e explica:



Adeus casa, adeus chambre, adeus pantufos, adeus vida tranquila e plácida junto dos meus; aí volvo a correr mundo.

Mochila (quase) às costas !
Os postes de electricidade que anunciam a proximidade de Gullfoss, os primeiros que vemos desde há uma semana, marcam o nosso reencontro com a civilização. Como marcante deve ter sido, para os visitantes da magnífica queda de água, a chegada de um grupo de cavaleiros, vestidos de impermeáveis laranja, acompanhados de uma manada de cavalos em liberdade. Nova paragem, em Geysir, a terra que deu o nome a todos os géiseres, para ver o Strokkur, o jacto de água, e chegamos a Hvítárdalur, ponto final da nossa aventura equestre.
Contrariamente ao habitual, hoje, o recolher vai ser tardio. Culpa da festa, o serão em que cada um dos participantes neste raid vai ter de falar um pouco do seu país, contar uma história, cantar uma canção. E não foi a chuva que nos acompanhou ao longo do dia, e que nos fez chegar encharcados ao abrigo, que quebrou a animação da noite. Ao longo de várias horas cantámos, jogámos, dançámos, como se o corpo não se ressentisse do esforço a que, nestes dias, o temos obrigado.


Historicamente o Kjolur era um caminho perigoso, entre os glaciares Hofsjokull e Langjokull, infestado de bandidos e proscritos. Crenças antigas reportam-se a crimes violentos e, um dos abrigos onde iremos pernoitar, diz-se assombrado pelo fantasma de uma mulher que, por se ter apaixonado por um criado, foi aí assassinada pelo futuro marido.


