terça-feira, outubro 17, 2006

Zimbabwe - Mosi-oa-Tunya

Conhecemo-las como Cataratas Vitória, o nome com que, em 1805, David Livingstone as baptizou, em homenagem à rainha que, na época, governava o império britânico. Chamavam-lhe os locais Mosi-oa-Tunya, o fumo que troveja. Serpa Pinto, no seu "Como eu atravessei África" sugere o fumo que se levanta, e explica:
[...] Mozi-oa-tunia é uma frase já feita, quotidiana, vulgar na linguagem dos Basutos. Quando o marido volta a casa e pergunta à mulher se a comida está ao fogo, ela respondeu-lhe mozi-oa-tunia, "o fumo que se levanta".
As cataratas, consideradas uma das 7 maravilhas naturais do mundo , são parte da fronteira entre o Zimbabwe e a Zâmbia, local onde as águas do Zambeze se despenham, ao ritmo impressionante de 9100 metros cúbicos por segundo, num sulco de 1,7 km de largura, rasgado num bloco de basalto, para logo se comprimirem numa fenda de 30 metros que as empurra violentamente para a estreita saída conhecida pelas "Portas do Inferno" e para o canal que ziguezagueia por entre impressionantes paredes negras, altas de 120 metros, criando rápidos e redemoinhos dantescos.

domingo, outubro 08, 2006

Zimbabwe - o mítico Zambeze



O grande rio parece fugir de nós, e como sempre, quando muito se anseia por atingir um ponto, mal se calcula a sua distância, nós ardendo de impaciência, pareciam-nos as horas séculos. Finalmente [...] demos vista do colosso.
Hurrah! foi o grito unânime, e, sentando-nos nos alcantis da encosta demos larga à comoção que nos dominava. Que panorama, que quadro dali se desenrola aos olhos dos recém-chegados!
[..] Em baixo, amesquinhado pela distância, serpenteava o Zambeze, resplandecente à luz do Sol, com o seu leito semeado de ilhas e as várzeas cobertas de verdura.

in De Angola à Contracosta – descripção de uma viagem atravez do continente africano
H. Capello e R. Ivens – Officiaes da Armada Real Portuguesa
1886

Menos agitada mas igualmente emotiva foi a nossa chegada ao Zambeze. Ele ali estava, tranquilo, majestoso, aos nossos pés.
E foi de barco, num ritmo deliciosamente preguiçoso, que descobrimos crocodilos que rastejavam até à água, elefantes a procurar alimentos nas margens, cabeças de hipopótamos que emergiam das águas que, pouco a pouco se tingiam de vermelho...

domingo, outubro 01, 2006

Botswana - PN Chobe - Rete mirabile


Era descrita pelos romanos como um híbrido de camelo e leopardo e daí vem o seu nome: giraffa camelopardis. Com cerca de 900 quilos distribuídos por um corpo de 5,5 metros, a girafa é uma espantosa obra da natureza.
A característica que mais salta à vista é o pescoço, longo de 2,5 metros e que tem, como nós, sete vértebras. Dizem os cientistas que não podia ter menos, por causa da flexibilidade, nem mais, pois acarretaria a necessidade de uma maior massa muscular, o que deslocaria o centro de gravidade de tal modo que a girafa estaria em permanente desequilíbrio.
Ser grande tem, por vezes, inconvenientes. Não é um coração qualquer que consegue bombear o sangue até ao cérebro, a uns cinco metros de altura e o coração da girafa é uma máquina poderosa, capaz criar uma pressão arterial suficiente para vencer as alturas. Mas, com tal pressão, como impedir o excessivo afluxo de sangue ao cérebro quando baixa a cabeça para beber? Rete mirabile (rede maravilhosa) , um complexo sistema situado na parte superior do pescoço, foi a resposta da natureza.
E o que dizer da pressão sanguínea exercida na parte inferior das pernas? É de tal modo forte que seria suficiente para que, por capilaridade, o sangue inundasse os tecidos em volta, o que só não acontece graças à pele, extraordinariamente flexível e resistente, que os envolve e impede a passagem do sangue para o exterior dos vasos sanguíneos. É um sistema tão perfeito que foi estudado por cientistas da NASA e fonte de inspiração para os fatos dos astronautas.
Mas maravilhas da girafa não se ficam por aqui. Impossibilitada de se deitar para dar à luz, a mãe-girafa deixa, literalmente, cair as suas crias. Como é que uma girafinha tem de nascer para resistir à queda de 1,5m? Se a primeira parte a sair fosse o pescoço ... partia-se com a força do impacto com o solo. Se saíssem em primeiro lugar os membros posteriores e o tronco, o peso deste, uns meros 70 quilos, exerceria tal força sobre o pescoço que o partia... Como é, então, que a girafa nasce?
Descubra aqui e aqui um pouco mais sobre a girafa.