segunda-feira, julho 17, 2006
Islândia 2000 (parte 4) - O cavalo islandês
Mais pequeno que a maior parte dos seus congéneres europeus, robusto e maravilhosamente adaptado à dureza do clima e dos solos, o cavalo islandês apresenta a particularidade de não limitar os seus andamentos aos habituais passo, trote e galope. Por não ter sido treinado para as lides da guerra manteve duas formas de andar, o tolt e o pace, que os outros, há muito perderam. O tolt, em especial, por ser um andamento muito rápido e suave, faz as delícias de quem anda a cavalo na Islândia.
Diz-se mesmo que, neste andamento, se consegue segurar uma taça de champagne sem entornar uma única gota.
Talvez, mas o melhor que neste momento consigo é um passo estranho, entre o tolt e o trote, que me faz chocalhar desconfortavelmente. A posição a cavalo é diferente daquela a que estou habituada, são outros os músculos que trabalham. E, pôr a trabalhar músculos que não estão habituados, traduz-se numa sensação desagradável que o passar das horas torna doloroso.
Doem os abdominais, as pernas, as costas. Doem as nádegas, que ameaçam ficar em ferida. Doi-me tudo. Com uma das mãos agarro a sela na tentativa, vã, de aliviar o corpo. A única coisa em que sou capaz de pensar é que não vou resistir a tantos quilómetros.
Paramos para matar a sede nas águas deliciosamente geladas de um riacho de montanha, para uma dentada nas sandes do almoço. Afinal estamos todos doídos, com as nádegas em bolha. Gudrum ri-se, garante-nos que é natural, que os dois primeiros dias são assim mesmo, um inferno, mas que, se lhes resistirmos, vai ser maravilhoso. Olhamos uns para os outros e o ar de desalento é tão grande que não somos capazes de deixar de rir.
Ao terceiro iá-iá retomamos a pista...
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