quinta-feira, julho 06, 2006
Islândia 2000 (parte 1) - Susanne
"Traduzes-me a letra de Grândola, vila morena"?
Sentada num dos degraus do abrigo de montanha, ao frio áspero de uma clara noite islandesa, olho, surpreendida, para a minha interlocutora: Susanne, alemã, 71 anos. Aos 52 divorciou-se do marido e da vida que levava; para sobreviver fez todos os trabalhos. "Trabalhos de homem, pouco dignos de uma mulher" disse, sem precisar mais. Susanne, berlinense, que sofreu a guerra como a aliada que não era, que festejou a libertação de Paris como se da sua cidade se tratasse, que chorou quando viu erguer-se o muro que rasgou em duas a sua Berlim e o seu coração, que chorou, de novo, quando, com as mãos calejadas pela dureza da vida, lhe arrancou, finalmente, um pedaço, que tornou a chorar quando, num distante dia de Abril, a rádio lhe trouxe a notícia da queda da ditadura de um pequeno país no extremo oeste da Europa.
Susanne que, como eu, integra o grupo que embarcou na aventura de atravessar a cavalo, e em autonomia, o coração gelado e deserto da Islândia, acompanhando uma manada de 75 cavalos em liberdade, percorrendo o lendário Kjolur, um dos dois trilhos que rasgam a ilha de norte a sul.
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3 comentários:
E ela já tinha ouvido falar desse país?
vc se aventurou de mochilão pra islândia?
Gostaria muito de trocar idéias...
Por favor, entre em contato comigo por email, julianadurigan@hotmail.com
aguardo ansiosa,
obrigada.
Este é o tipo de memória que tornam as viagens especiais ... confesso que me emocionei com a leitura.
Bjs
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