Historicamente o Kjolur era um caminho perigoso, entre os glaciares Hofsjokull e Langjokull, infestado de bandidos e proscritos. Crenças antigas reportam-se a crimes violentos e, um dos abrigos onde iremos pernoitar, diz-se assombrado pelo fantasma de uma mulher que, por se ter apaixonado por um criado, foi aí assassinada pelo futuro marido.
Ao longo dos seus 230 quilómetros não se encontram serviços, pontes, nem, por vezes, estradas; existem apenas rudimentares abrigos de montanha onde os viajantes podem descansar ou proteger-se das inclemências do tempo, sempre incerto. Mesmo em Julho ou Agosto neve e granizo não são invulgares, como teríamos oportunidade de constatar. Duzentos e trinta quilómetros que percorreremos em sete dias, cavalgando cinco a nove horas diárias, sem ver qualquer indício de civilização, sem contactar com outras pessoas. Durante sete dias não existirão telemóveis nem televisões, o conforto será reduzido, duche e electricidade luxos esporádicos e bem vindos. Durante sete dias serão os cavalos; os cavalos que é necessário aparelhar e cuidar, os cavalos que, além de companheiros de aventura, constituirão, igualmente, o tema de quase todas as conversas.
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