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domingo, novembro 27, 2011

Vamos ao cinema?

 

O filme passa nos pontos de água de Etosha e, se o visse na TV, pensava que era uma feliz reunião de momentos invulgarmente ricos em vida selvagem, feito ao longo de meses de espera e paciência.
Qual quê! O corrupio era constante, o charco de água era a passerelle por onde passava tudo o que Etosha tem para mostrar. E é muito.



De dia víamo-los aproximarem-se, amontoarem-se para disputar uns goles de água. Gnus, órixes, impalas, ...
As zebras alinhavam-se, paralelas, talvez para que as riscas confundam ainda mais algum predador que esteja à espreita.
Mais cautelosas são as girafas. De pernas afastadas para manter o equilíbrio  enquanto levam a cabeça até ao nível da água, tornam-se vulneráveis a ataques, impossibilitadas de reagir e fugir rapidamente. Só bebem quando o charco está mais desimpedido e há sempre uma que fica a vigiar enquanto as restantes matam a sede.


À noite é a vez dos que pouco têm a perder com as escuridão: os grandes e os carnívoros. Ao contrário do que sucede de dia nunca vimos espécies misturadas. Os elefantes chegam majestosos e em silêncio, sem qualquer barulho que anuncie a sua chegada, recuam estrategicamente para o meio da vegetação para deixar que uma hiena se aproxime a correr, beba um trago e se afaste ainda mais depressa.
Com o palco desimpedido os elefantes regressam e logo partem com barridos que enchem a noite, cedendo a vez ao rinoceronte.
E quando os grandes já estão saciados é a vez das lebres e coelhos invadirem o espaço com correrias e saltos.


Na falta de fotografias das noites de Etosha ficam aqui e aqui dois conjuntos de imagens de dia.

sábado, outubro 08, 2011

A gota de água


O sol a pique parece queimar a vegetação seca e rasteira de Etosha, a savana perdeu os verdes exuberantes que a cobrem na altura das chuvas. Mas é agora mais fácil observar a vida animal que se concentra nos poucos e preciosos pontos de água. E que vida!



Os elefantes acabaram de partir mas a manada de gnus acabou de chegar, vinda do lado oposto da de zebras que já cá estavam. Um par de órixes enceta uma perseguição poeirenta atravessando um grupo de springbobks que tentava manter-se à margem do conflito, o casal de avestruzes afasta impalas para que as suas 16 crias possam beber em segurança, enquanto o chacal espreita uma oportunidade conseguir refeição.



As girafas aproximam-se mas aguardam a sua vez para beberem, as zebras escoiceando-se, mordem-se, e a passarada esvoaça por todo o lado.


Uf! Nos pontos de água de Etosha o olhar não tem descanso!

sexta-feira, setembro 30, 2011

Moses


Moses vende cebolas à beira da estrada, em Tsumeb, onde fizemos uma paragem logística. Vendo-me passar de máquina fotográfica ao pescoço, arrisca, esperançado:
"Queres tirar-me uma foto? São 10 dólares."
Páro, encolho os ombros, e é a minha vez de atirar uma pergunta: "E porque é que eu havia de te querer fotografar?"

A resposta e o meu ar indiferente surpreenderam o rapaz que abre os olhos, admirado, enquanto eu continuo: "Ainda por cima a máquina é minha, o trabalho é meu. Se queres que te tire uma fotografia és tu que tens de pagar."

Moses olha para mim em silêncio com o ar meio incrédulo de quem não percebe muito bem o que se está a passar. Sorrio e acrescento: "Não quero tirar-te fotografias mas, se quiseres, posso ajudar-te a fazer os sacos de cebolas."

No rosto de Moses desenha-se um sorriso aliviado e é com entusiasmo que me mostra como cortar a rede para fazer um saco, quantas cebolas a pôr em cada um. E lá fui enchendo alguns sacos até que Moses ganhou coragem para fazer timidamente a pergunta que se esperava:

"Podes tirar-me uma fotografia, mas sem eu pagar?"





quinta-feira, setembro 15, 2011

Namíbia, Land of the Brave

Se à chegada me pedissem que descrevesse a Namíbia numa só palavra escolheria "asséptica", que associei às primeiras impressões do país. Aeroporto organizado, o alcatrão das estradas em bom estado, trânsito respeitador e cidades sem o caos de Nairobi ou Maputo. A Namíbia mostra o que é: uma nação movida pela força e entusiasmo próprios da jovem que é. Por detrás sente-se a herança paterna, a mão organizada dos alemães e sul-africanos que durante anos a dirigiram.

Mas, felizmente, não deixa de ser como os outros países africanos, uma terra de contrastes onde encontramos mulheres de tronco nu, filhos às costas e telemóvel na mão, homens com saias de folhos e t-shirts "ocidentais".


Um país onde as cidades transmitem segurança mas que, como na RSA, não deixam de ter gradeamentos electrificados e avisos de intervenção armada.
Um país onde a tradição e o progresso parecem co-existir sem demasiados choques, onde o sorriso é espontâneo. Uma terra de paisagens magníficas e variadas, de fauna exuberante, um canto do mundo que vale a pena conhecer.




Vamos a isso!