sexta-feira, dezembro 26, 2008

Dakar e arredores

Dia cheio este que é o último: passagem pelo famoso Lago Retba, ou Rosa, que o rally Paris-Dakar se encarregou de celebrizar, e visita à ilha de Gorée onde tantos africanos estiveram aprisionados à espera do barco que os levasse, como escravos, para outras paragens.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

É natal...

Dia de Natal passado em Fadiouth, uma ilha com celeiros-palafita cujo solo é maioritariamente formado por restos de conchas. Ao jantar não deve haver peru ou o bolo rei, nem foie gras e champagne. A refeição é chez l habitant e à mesa quem sabe se não teremos um prato de maafe ou de yassa?

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Consoada

Uma caminhada de 5 ou 6 horas a abrir o apetite para a ceia de Natal que será no acampamento en Ndaali. Compras só se fôr no mercado de Kaolock.
Ah! Bom Natal para todos!





terça-feira, dezembro 23, 2008

Pássaros!

De piroga até à Ilha dos Pássaros classificada como um dos melhores sítios do mundo para observação de aves.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Missirah

Hoje é a pé que andamos pelo mato na zona de Missirah. Óptima ocasião para confraternizar com os locais, habitantes das várias aldeias que atravessaremos.

domingo, dezembro 21, 2008

sábado, dezembro 20, 2008

Foundiougne

Passeio a pé e de carroça na aldeia de Foundiougne com direito a consulta marcada num curandeiro local.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Mbour

A viagem começa na aldeia de Mbour que nos promete um porto de pesca colorido e animado.

O ponto mais alto

Às vezes os números enganam. Se os 6310 metros do Chimborazo parecem poucos ao lado dos 8848 m do Everest, mude-se a origem do referencial e o vulcão ganha o estatuto do ponto mais afastado do centro da Terra. São brincadeiras com números, irrelevantes nesta altura em que atacamos o gigante Chimborazo.

Começámos aos 4800m, a altura em que parámos no Cotopaxi. Subimos a custo, no meio de neve. O peito parece rebentar com o esforço, a cabeça lateja, os pulmões ressentem-se da falta de oxigénio que aqui é apenas 54% do que há ao nível do mar. Passamos por lápides que assinalam os nomes de quem ali deixou a vida porque o coração assim o quis, por quedas ou avalanches. Só em 1993 foram 10.
E a neve não pára de cair.

Subimos até à altitude de 3031 toesas e sentíamo-nos mal, doença que só podíamos atribuir à rarefacção do ar nestas regiões elevadas [...] A neve era tanta que mal nos conseguíamos ver uns aos outros. Estávamos envolvidos por um nevoeiro que apenas permitia ver os abismos que nos rodeavam.
Alexander von Humbolt

Tal como Humbolt não chegámos ao cume, nem era esse o nosso intento. Parámos no refúgio Whymper, aos 5 000 metros, cansados, gelados, felizes. O esforço de quem atinge o cume é recompensado pelo panorama: os Andes cobertos de neve e, para ocidente, o azul do Pacífico que se adivinha. Se a neve e o nevoeiro permitirem a vista, claro.


Sem a beleza do Cotopaxi, a subida até aos 5 000 metros do vulcão Chimborazo, condignamente celebrada com um carimbo no passaporte, foi, em todos os sentidos, o ponto mais alto da viagem ao Equador e o que escolhi para ponto final neste relato.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Senegal, país da Teranga

Na mochila estão já o fato de banho e as t-shirts pois os próximos dias vão ser passados com sol e temperaturas agradáveis, no Senegal. À espera das fotografias e relatos que trarei no regresso o apetite vai-se abrindo com as previsões que vão aparecer aqui ao correr dos dias.


O livro da selva

Apesar da parte oriental do Equador, ocupada pela floresta amazónica, já não ser tão perigosa como costumava ser - os índios shuar que a habitam já não se dedicam a reduzir cabeças humanas - é a região mais selvagem do país. Os rios que a rasgam são as auto-estradas lamacentas que permitem o acesso a uma ínfima parte que não vai muitos metros além das margens.

A partir dessa faixa estreita é a natureza em estado bruto, a selva fascinante, misteriosa, impenetrável.
De botas de borracha, capa de chuva e repelente de insectos, seguimos César que, de catana em punho nos leva por trilhos cerrados, cortando lianas, deslocando troncos para conseguirmos avançar.

Sabemos que por ali há cobras e jaguares, tapires e capivaras, aranhas e tatus, mas na selva pouco se vê. Ouvem-se os guinchos dos macacos, um ramo que se despenha ruidosamente, um bater de asas que percorre o céu.
O solo, esse sim, é o palco de intensa actividade ao alcance da nossa vista: uma procissão de pedaços de folha que parecem flutuar no chão e que afinal são transportados por um exército de formigas; aranhas e suas teias, flores, borboletas de mil cores.

Fora dos trilhos, em direcção ao interior, é a floresta a sério, um livro misteriosos e fechado que à beira rio só podemos imaginar e que apenas se torna a abrir três mil e muitos quilómetros mais a leste, às portas do Atlântico.

Mais um blogue

O mundo ficou mais rico com a criação do novo blogue, No princípio era o ovo, nascido da cabeça tonta de 4 amigos - Rutix, SCM, PJF e MMP.

Como o nome não deixa adivinhar é dedicado a ... ovos!
No lado direito da página pode ficar ao corrente das actualizações.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

O Templo do Sol

São os vestígios de uma antiga vila fortificada que Huayana Cápac mandou construir no século XV mas os arqueólogos são unânimes em dizer que não sabem ao certo o que albergou: fortaleza, armazéns de cereais, alojamentos do imperador e de soldados, local de culto ou sacrifício? Ou um pouco de cada, talvez. Certezas têm apenas em relação à construção mais bem importante: um templo de forma elíptica para o culto do Sol.

Chama-se Ingapirca, o que em quechua significa Parede do Inca, e é a maior e melhor conservada marca da cultura inca no Equador.
Oa cañaris, que habitavam a área antes da chegada dos incas, deram-lhe um nome mais poético, chamavam-lhe Cashaloma - lugar onde as estrelas caem do céu.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Alberto?

A Cidade de Santa Ana dos 4 rios de Cuenca, que responde pelo petit nom de Cuenca, preservou o aspecto colonial espanhol. As casas coloridas que começam a ser restauradas, as janelas e varandas de ferro forjado, os pátios interiores e as ruas empedradas valeram-lhe a inscrição na lista dos sítios do Património Mundial da UNESCO.


É uma cidade culta, dedicada tanto aos seus artistas, filósofos e escritores, como a Jefferson López, o filho da terra que trouxe para a cidade a honra de uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim. E, motivo de orgulho e pormenor importante para quem viaja, a água das torneiras é potável, o que não acontece com a de Quito ou Guayaquil.

Mas a estrela mais brilhante é a Catedral Nova, uma igrejita capaz de albergar 100 000 fiéis. Fachada e paredes interiores de alabastro, chão de mármore de Carrara, cúpulas azuis que brilham ao sol. Curioso é o facto de os sinos, enormes, estarem, não nas torres, mas arrumados no interior. Culpa do arquitecto, o alemão Stiehle, que se enganou nos cálculos. O peso das torres só por si já era mais do que as fundações podiam suportar e toda a estrutura ruiria se os pesados sinos fossem colocados en su sítio.

No parque Calderón, em frente à catedral, agitavam-se bandeiras de apoio ao "sim" no referendo à Constituição, distribuiam-se panfletos. O líder do Movimento Bolivariano Afarista desdobrava-se em sorrisos e entrevistas, a música tocava enquanto um grande ecrã mostrava as fases negras da história recente do Equador.

Só a terceira pessoa que abordei soube ajudar-me um pouco. O nome daquele político não sabia, mas era alguém que, sem estar ligado ao partido do Presidente Correa, viera dar uma forcinha ao "Si". Era seguidor de outras políticas, na linha de um outro senhor, muito antigo.

"E como se chamava esse senhor?", perguntei.
"Era estrangeiro, famoso, mas morreu há muitos séculos. Chamava-se Alberto."
Algo me fez arriscar: "Che Guevara"?
Os olhos da minha interlocutora iluminaram-se o rosto encheu-se com um sorriso quando me repondeu: "É isso, é esse mesmo!"

Alberto "Che" Guevara? Há muitos séculos? Pois...

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Chapéus há muitos...

Qual o país de origem do chapéu de Panamá?

A pergunta, se não está no Trivial Pursuit, bem que podia lá estar já que a resposta não é a que parece óbvia - Panamá - mas um país um pouco mais ao sul, o Equador.
Os equatorianos preferem chamar-lhe sombrero de paja toquilla, nome que vai buscar à fibra de que é feito. Mas, apesar dos seus esforços, difícil parece que alguma vez venha a ser conhecido por outra designação que não "panamá".

A culpa deste erro vem de longe, da Nova Iorque de 1850, quando um grupo de pesquisadores de ouro regressou trazendo-os na cabeça. Inquiridos sobre a proveniência dos chapéus, indicaram não o lugar de origem mas o da compra. E, na época, a maior parte das mercadorias da América do Sul entrava na do Norte via Panamá. Para agravar ainda mais a situação, cinquenta anos mais tarde os chapéus foram adoptados pelos trabalhadores que abriram o canal e o nome enraizou-se.

A produção de chapéus de paja toquilla é uma verdadeira indústria familiar e centra-se nas zonas de Cuenca e Montecristi, de onde vêm os mais perfeitos. A qualidade depende da paja em si mas, principalmente do cuidado com que é tecido e a tarefa fica a cargo das mulheres e das crianças cujos dedos mais pequenos conseguem uma malha apertada. Nos melhores, os superfinos, que são vendidos nas boutiques a algumas centenas de dólares, o aperto é tal que podem servir para transportar água sem que se perca uma gotita. E são tão maleáveis que se podem enrolar, sem partir, e fazer passar por dentro de um anel.

Muitas cabeças importantes os usaram: Al Capone, Roosevelt, Mark Twain, Tom Wolfe... Em Cuenca todos o usam e nem os santos "escapam" como o demonstra a imagem de Nossa Senhora na igreja sobranceira a Cuenca.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Guayaquil

"Diabos tenebrosos, estúpidos e muito lentos."

Pese embora a autoridade de quem escreveu estas palavras, Charles Darwin, as iguanas terrestres, pois é delas que falamos, são as estrelas do Parque Simon Bolívar, em Guayaquil. Não que Darwin não deixe de ter razão. Na verdade apenas as vimos paradas, aninhadas a dormir nos ramos das árvores do parque, à noite, ou de manhã, na relva, a carregar baterias com o calor do sol, e apenas mostraram alguma actividade com a chegada das verduras que constituem o seu almoço. Mas é o que de mais próximo se pode arranjar da fauna das Galápagos já que uma viagem às ilhas não está ainda no horizonte.

Se Quito é o centro da cultura e da arte, o dinheiro e o poder estão em Guayaquil e as diferenças entre os serranos, da capital, e os costeños estendem-se ao modo de ser das suas gentes. O ideal seria viver o dia em Quito e a noite em Guayaquil. E a noite vive-se, e muito, na recém reabilitada zona junto ao rio Guayas.
No Malécon 2000, uma avenida marginal de 2,5 km, são as famílias e os grupos de adolescentes que se passeiam nos jardins, que enchem lojas e restaurantes de fast food, que dão vida aos cafés.

En Las Peñas, o bairro boémio de coloridas casa de madeira que desce pela encosta do morro de Santa Ana, a noite estende-se até de madrugada na animação dos muitos bares e das galerias de arte que com a noite se transformam em cafés.
Afinal, como os costeños gostam de dizer, "para que serviria uma cidade sem praias nem discotecas?"

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Puerto López - baleia à vista!

Nos meses de Julho e Agosto a grande atracção de Puerto López são as baleias que escolhem as suas águas para acasalar. Diziam-nos que o impossível era não as ver mas nestas coisas da mãe natureza nunca se sabe e ninguém ousava criar demasiadas expectativas.
Mas afinal tinham razão...

É um espectáculo majestoso encontrar pela manhã um bando de baleias, resfolgando pelas ventas - é um espectáculo do princípio do mundo... Um pouco de neblina - mar azul!... Lá vão, com o dorso de fora e lançando, de quando em quando, um esguicho de água vaporizada. De repente, quase ao mesmo tempo, mostram os rabos e mergulham, emergindo mais longe, os lombos luzidios e a escorrer... É uma coisa que faz para o coração, é um quadro imenso e de uma frescura extraordinária.

Raul Brandão, in As Ilhas Desconhecidas

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Isla de la Plata

A Isla de la Plata, ao largo de Puerto López, já foi refúgio de piratas e diz-se que o nome vem dos lingotes de prata que Francis Drake lá enterrou, depois de atacar e pilhar um galeão espanhol.
Não são tesouros que nos atraem à ilha mas as várias colónias de pássaros que alberga. Aqui o homem é um intruso e somos nós quem tem de se desviar dos trilhos para não incomodar um pássaro que choca no seu ninho no chão, ou para não perturbar a carinhosamente desajeitada parada nupcial dos gansos-patola, de patas azuis.

Empoleiradas nos ramos secos de uma árvore as fragatas macho tentam atrair uma fêmea exibindo o seu saco gular, vermelho e inchado.
Um pouco mais à frente divertimo-nos a assistir a uma discussão amorosa, dois gansos-patola que se degladiam para decidir quem fica com a fêmea que, ao lado, os olha com um ar meio desinteressado, meio divertido.

E, quase sem darmos por isso, o tempo passa e são horas de regressar ao barco que nos espera para uma outra aventura: a procura das baleias que nesta altura do ano fazem destas águas a sua casa.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Viagem inesperada

Primeiro de Dezembro. Tarde de frio e chuva e eu a "invernar" no sofá, submersa por uma considerável camada de polares. A noite já lá estava fora quando finalmente, e a custo, me levantei para fechar as portadas.
E em boa hora o fiz porque à minha frente no céu, numa nesga que as nuvens abriram de propósito, o espectáculo magnífico, raro e inesperado do bailado da Lua em conjunção com Vénus e Júpiter.

Mas o melhor é dar a palavra a quem sabe...

domingo, novembro 23, 2008

Puerto López


Na costa o equivalente em animação aos mercados da sierra é a chegada dos barcos de pesca e a cada amanhecer a praia de Puerto López enche-se de vida.
E de gente que chega com caixas carregadas de peixes e mariscos, gente que discute o preço de uma cesto de caranguejos, gente que ri, gente que grita e corre atrás dos pelicanos, gaivotas e cães que espreitam uma oportunidade para melhorar o menu do dia.


De crianças que brincam com os peixes que caem de uma caixa, correm pela areia.De gente que, como nós, está na praia pelo espectáculo, pelas cores, gente que se espanta com a chegada de um imponente veleiro.

Foi na terceira volta que viu o peixe. Viu-o primeiro como uma negra sombra que levou tanto tempo a passar sob o barco, que não pode crer no comprimento. Não — exclamou. — Não pode ser tão grande. Mas era assim grande; e, no fim dessa volta, veio à superfície a umas trinta jardas apenas, e o homem viu-lhe a cauda fora de água. Era mais alta do que uma grande foice e cor de alfazema pálida, acima de água azul-escura. Ao passar mesmo abaixo da superfície, o velho via-lhe o imenso bojo e as listras de púrpura que o enfaixavam. A barbatana dorsal estava retraída mas as peitorais, medonhas, abertas de par em par.

Ernest Hemingway
in O velho e o mar


sábado, novembro 15, 2008

Roma, como nunca a viu

Não é a Roma de Rómulo e Remo, nem aquela por onde andaram os irredutíveis Asterix e Obelix, mas a de Constantino e é o Google Earth quem nos faz recuar ao ano 320 da era cristã, para visitar o Coliseu, o Templo de Vesta, passear pelas ruas e por entre os quase 7000 edifícios.

O Rome Reborn baseia-se num modelo físico criado por arqueólogos e artistas entre 1933 e 1974 e é, segundo o director do projecto, Bernard Fischer, " the continuation of five centuries of research by scholars, architects and artists who have attempted to restore the ruins of the ancient city with words, maps and images."

Boa viagem!

Obrigada SCM.

domingo, novembro 09, 2008

Oceano Pacífico

Em pouco mais de duas horas descemos dos 3900m de Quilotoa para os zero metros de Puerto López. Na descida abrupta abandonamos as beleza árida do páramo, atravessamos florestas tropicais cobertas de nevoeiros misteriosos, plantações de bananas e algodão e chegamos à costa batida pelo vento fresco com cheiro a sal.
E não é só a paisagem que muda, também as gentes são outras. Sem a solenidade de Quito ou da Sierra, os rostos abrem-se em sorrisos, a conversa é fácil.

Aqui reina a rede de descanso e uma doce indolência, a desorganização impera. Até as leis têm dificuldade em se afirmar como bem o atestam os gradeamentos das lojas que apenas deixam livre uma minúscula abertura por onde passam mercadorias e dólares.


Mas não importa, o mar está ali e o primeiro gesto é pisar a areia e deixar que as águas do Pacífico acariciem os pés.

Ser portugês é fingir que se é europeu mas ficar com os olhinhos a brilhar de cada vez que se ouve a palavra "mar".

Vasco Pinhol, in Revista Única (Expresso), 25 de Outubro de 2008

domingo, novembro 02, 2008

Lagoa de Quilotoa

Arrivés à Quilotoa, nous découvrons ce gigantesque cratère. Sous un franc soleil, les parois claires et abruptes se reflètent dans les eaux couleur émeraude.
Le sentier se révèle bien difficile pour descendre vers la lagune, et encore plus pour remonter, même pour les vaches du coin... Quel dénivelé! Heureusement, quelques chevaux sont là pour aider ceux qui sont en difficulté.

Chez Pachamama l'accueil est chaleureux, on prépare le repas en famille mais surtout en beau costume et chapeau. Contraste saisissant avec la sobriété et la simplicité des lieux.

En soirée, autour d'une télévision du village, nous vivons l'enthousiasme et l'émotion d'une épreuve des J.O. avec les habitants: l'équatorien Jefferson Pérez décroche une belle médaille d'argent au 20 km marche.


Un post à 4 mains avec Nicole

domingo, outubro 26, 2008

Mercados da "sierra"

O de Otavalo, que dizem ser o maior da América latina, é o mais conhecido, e o mais turístico, também. Mais autênticos e, por isso, mais atractivos, são os mercados rurais e não há povoação minimamente importante na Sierra equatoriana que não tenha o seu.
Uma vez por semana as ruas acordam com a chegada dos artesãos e dos pequenos agricultores, alegra=se com o colorido dos ponchos e chapéus dos trajes indígenas.

Ovelhas e porcos são içados para o tejadilho das camionetas ou amontoados na caixa de carga de uma pick-up. Os lamas olham-nos, silenciosos e altivos, enquanto esperam que os carreguem para o longo regresso a casa... Vendem-se frutos e legumes, apregoam-se roupas ou flores, trocam-se bananas por alguidares ou cestos.

Na zona das bancas de comida, onde o cheiro dos fritos se mistura com o do leitão assado, comem-se locro de papas , ceviches, fritadas ou humitas.
Aqui e acolá as vozes elevam-se, as discussões surgem, fruto do abuso da omnipresente chicha.
Mas não importa, dia de mercado é dia de festa e amanhã Saquili, Lacatunga, Zumbahua e muitas outras, reencontrarão a sua habitual tranquilidade.