sexta-feira, setembro 30, 2011

Moses


Moses vende cebolas à beira da estrada, em Tsumeb, onde fizemos uma paragem logística. Vendo-me passar de máquina fotográfica ao pescoço, arrisca, esperançado:
"Queres tirar-me uma foto? São 10 dólares."
Páro, encolho os ombros, e é a minha vez de atirar uma pergunta: "E porque é que eu havia de te querer fotografar?"

A resposta e o meu ar indiferente surpreenderam o rapaz que abre os olhos, admirado, enquanto eu continuo: "Ainda por cima a máquina é minha, o trabalho é meu. Se queres que te tire uma fotografia és tu que tens de pagar."

Moses olha para mim em silêncio com o ar meio incrédulo de quem não percebe muito bem o que se está a passar. Sorrio e acrescento: "Não quero tirar-te fotografias mas, se quiseres, posso ajudar-te a fazer os sacos de cebolas."

No rosto de Moses desenha-se um sorriso aliviado e é com entusiasmo que me mostra como cortar a rede para fazer um saco, quantas cebolas a pôr em cada um. E lá fui enchendo alguns sacos até que Moses ganhou coragem para fazer timidamente a pergunta que se esperava:

"Podes tirar-me uma fotografia, mas sem eu pagar?"





quinta-feira, setembro 15, 2011

Namíbia, Land of the Brave

Se à chegada me pedissem que descrevesse a Namíbia numa só palavra escolheria "asséptica", que associei às primeiras impressões do país. Aeroporto organizado, o alcatrão das estradas em bom estado, trânsito respeitador e cidades sem o caos de Nairobi ou Maputo. A Namíbia mostra o que é: uma nação movida pela força e entusiasmo próprios da jovem que é. Por detrás sente-se a herança paterna, a mão organizada dos alemães e sul-africanos que durante anos a dirigiram.

Mas, felizmente, não deixa de ser como os outros países africanos, uma terra de contrastes onde encontramos mulheres de tronco nu, filhos às costas e telemóvel na mão, homens com saias de folhos e t-shirts "ocidentais".


Um país onde as cidades transmitem segurança mas que, como na RSA, não deixam de ter gradeamentos electrificados e avisos de intervenção armada.
Um país onde a tradição e o progresso parecem co-existir sem demasiados choques, onde o sorriso é espontâneo. Uma terra de paisagens magníficas e variadas, de fauna exuberante, um canto do mundo que vale a pena conhecer.




Vamos a isso!