domingo, setembro 03, 2006

África do Sul - nação arco-íris?


Tinha 13 anos e estava entre os 30000 jovens e crianças que, a 16 de Junho de 1976, participaram numa marcha pacífica protestando contra a medida do governo que impunha, como língua única na escola, o afrikaans, falado pela minoria branca.
Atingido por uma bala da polícia que os recebeu a tiro, Hector Pieterson, o menino que na fotografia é transportado ao colo, foi um dos 23 (ou 200 ?) mortos. No local onde caiu, numa rua do Soweto, em Joanesburgo, ergue-se, agora, um memorial e um museu.

Muito mudou desde esse dia e a República da África do Sul é, hoje, um país onde se realizam eleições democráticas.

Não se pode julgar um país pelo pouco que se viu de uma cidade, muito menos quando aí apenas se esteve menos de dois dias e no circuito quase fechado que, por questões de segurança, nos foi imposto.
Mas... o que dizer quando se encontra uma cidade onde as comunidades negra e branca parecem não ter pontos de contacto? Quando uns se deslocam de carro e outros a pé, de bicicleta, de autocarro? Quando as casas, além dos portões firmementemente fechados, dos alarmes, do arame farpado e dos cães, afixam placas a indicar que têm vigilância 24 horas em 24, com resposta armada? Quando hotéis, restaurantes, empresas, são dirigidos, quase exclusivamente, por brancos, cabendo aos negros as tarefas "menos nobres"?

África do Sul, nação arco-íris? Não, ainda não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Soweto témoin de l'apartheid. Mais combien d'autres lieux, en Afrique du Sud et dans le monde s'y apparentent ?
Nicole

PJF disse...

Sendo a situação diferente, quantos deputados, empresários, altos quadros não brancos (e não homens) há em Portugal?