domingo, novembro 09, 2008

Oceano Pacífico

Em pouco mais de duas horas descemos dos 3900m de Quilotoa para os zero metros de Puerto López. Na descida abrupta abandonamos as beleza árida do páramo, atravessamos florestas tropicais cobertas de nevoeiros misteriosos, plantações de bananas e algodão e chegamos à costa batida pelo vento fresco com cheiro a sal.
E não é só a paisagem que muda, também as gentes são outras. Sem a solenidade de Quito ou da Sierra, os rostos abrem-se em sorrisos, a conversa é fácil.

Aqui reina a rede de descanso e uma doce indolência, a desorganização impera. Até as leis têm dificuldade em se afirmar como bem o atestam os gradeamentos das lojas que apenas deixam livre uma minúscula abertura por onde passam mercadorias e dólares.


Mas não importa, o mar está ali e o primeiro gesto é pisar a areia e deixar que as águas do Pacífico acariciem os pés.

Ser portugês é fingir que se é europeu mas ficar com os olhinhos a brilhar de cada vez que se ouve a palavra "mar".

Vasco Pinhol, in Revista Única (Expresso), 25 de Outubro de 2008

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