quinta-feira, dezembro 18, 2008

O livro da selva

Apesar da parte oriental do Equador, ocupada pela floresta amazónica, já não ser tão perigosa como costumava ser - os índios shuar que a habitam já não se dedicam a reduzir cabeças humanas - é a região mais selvagem do país. Os rios que a rasgam são as auto-estradas lamacentas que permitem o acesso a uma ínfima parte que não vai muitos metros além das margens.

A partir dessa faixa estreita é a natureza em estado bruto, a selva fascinante, misteriosa, impenetrável.
De botas de borracha, capa de chuva e repelente de insectos, seguimos César que, de catana em punho nos leva por trilhos cerrados, cortando lianas, deslocando troncos para conseguirmos avançar.

Sabemos que por ali há cobras e jaguares, tapires e capivaras, aranhas e tatus, mas na selva pouco se vê. Ouvem-se os guinchos dos macacos, um ramo que se despenha ruidosamente, um bater de asas que percorre o céu.
O solo, esse sim, é o palco de intensa actividade ao alcance da nossa vista: uma procissão de pedaços de folha que parecem flutuar no chão e que afinal são transportados por um exército de formigas; aranhas e suas teias, flores, borboletas de mil cores.

Fora dos trilhos, em direcção ao interior, é a floresta a sério, um livro misteriosos e fechado que à beira rio só podemos imaginar e que apenas se torna a abrir três mil e muitos quilómetros mais a leste, às portas do Atlântico.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho saudades dos sons da selva ao amanhecer, da luz do sol a atravessar as imensas arvores, das cores das aves (que fantastico o teu tocano:-)), das borboletas, das tarantulas, das cobras...tenho saudades da mudança dos sons da selva quando anoitece...que bom é entrar neste "livro"