Na costa o equivalente em animação aos mercados da sierra é a chegada dos barcos de pesca e a cada amanhecer a praia de Puerto López enche-se de vida.
E de gente que chega com caixas carregadas de peixes e mariscos, gente que discute o preço de uma cesto de caranguejos, gente que ri, gente que grita e corre atrás dos pelicanos, gaivotas e cães que espreitam uma oportunidade para melhorar o menu do dia.
De crianças que brincam com os peixes que caem de uma caixa, correm pela areia.De gente que, como nós, está na praia pelo espectáculo, pelas cores, gente que se espanta com a chegada de um imponente veleiro.
Foi na terceira volta que viu o peixe. Viu-o primeiro como uma negra sombra que levou tanto tempo a passar sob o barco, que não pode crer no comprimento. Não — exclamou. — Não pode ser tão grande. Mas era assim grande; e, no fim dessa volta, veio à superfície a umas trinta jardas apenas, e o homem viu-lhe a cauda fora de água. Era mais alta do que uma grande foice e cor de alfazema pálida, acima de água azul-escura. Ao passar mesmo abaixo da superfície, o velho via-lhe o imenso bojo e as listras de púrpura que o enfaixavam. A barbatana dorsal estava retraída mas as peitorais, medonhas, abertas de par em par.
Ernest Hemingway
in O velho e o mar
in O velho e o mar
1 comentário:
Excelente foto a 1ª, a dos reflexos na água. Bem visto!
Abraço,
CR/de
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