domingo, agosto 05, 2012

Ponte sem passagem



Um dois, três, é a minha vez. A tarefa é simples: uma ponte com três arcos, vinte minutos, vinte linhas. Na primeira pessoa, que sou eu.
A mão, carcomida por uma grave artrose cerebral, segura a caneta sem convicção, à espera da luz que teima em não acender.
É uma porta fechada, muda, como a da Casa di Corto, Portas que recusam a abrir-se, que escondem sabe-se lá o quê. Corto, como Alice, já não mora ali. Por onde navegas, marinheiro? Por onde andas, musa inspiradora? Pelos mares do sul?
Uma ponte. preciso de uma ponte para ultrapassar este deserto que não consigo atravessar.
Uma ponte com três arcos?


(tarefa: qualquer coisa que envolva a única ponte de três arcos de Veneza, escrito na 1ª pessoa. Esta tarefa foi deixada como “tpc” e, tal como à tarde, com o exercício da gôndola, estava com dificuldade em escrever)



Sem comentários: