quarta-feira, agosto 08, 2012

O poço dos desejos


“Sabe, donna, o que eu gostava era de sair daqui, viajar, conhecer outros lugares.”
Estamos  num tranquilo pátio veneziano. Um poço grande, roupas estendidas ao vento como bandeiras venezianas. E ela, de bata azul, sentada num banco.
“P’rali, por exemplo”, apontando para uma toalha do Brasil. “O meu único irmão foi para lá, em novo. Viveu carnavais e futebóis, lutou pela vida e por lá acabou por morrer, sozinho, esquecido.”


Calou-se por uns momentos
“Patetices de velha”, acrescentou depois de engolir a saudade. “Se ao menos aquele poço fosse um poço dos desejos...”
As bandeiras tibetanas pararam de dançar e o poço branco mudou de côr, vestiu-se de Arlequim.
Foi a sorrir que lhe estendi uma moeda dizendo:
”Quer experimentar?”


(Tarefa: escolher uma fotografia e escrever uma história baseada nela)

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