“O
que escondes, Leo? Qual de vós esconde a pista para a clavícula de Salomão, a
pista apagada pelas brumas de Veneza?”
O
olhar de Corto pousa longamente em cada um dos quatros leões do Arsenal. Olhos
nos olhos, apenas, tentando que o olhar, por si só, lhe revelasse o que
procurava. Não seria, com certeza, o da direita, deitado junto à água,
demasiado fácil de confundir com um carneiro. Nem os seguintes, de ar cómico ou
sorridente. Teria de ser o último, o da esquerda, o mais digno, orgulhoso do
rei que era.
Com
a certeza na alma Corto avançou, olhou-o de frente, à espera da confirmação.
Não podia haver dúvida. Era este. Só podia ser este. O grego.
Não,
não pode ser no peito, nem no lado da ponte, demasiado visíveis para quem chega
ao Arsenal. O que procurava teria de estar no flanco menos exposto, o direito.
Só
então Corto se aproximou da estátua, colocou-se ao seu lado e, claro, encontrou
o que procurava e deixou que a mão calejada pela vida acariciasse uma a uma as
letras indecifráveis gravadas na pedra.
Sem comentários:
Enviar um comentário