terça-feira, julho 22, 2014

Flores, a floresta adormecida






Esta paisagem verde e molhada é vaga como um sonho entreabre-se, fecha-se, sorri e adormece.


As ribeiras precipitam-se lá de cima, do planalto, correndo e caindo nos pulos e escavando a terra até encontrarem o leito de lagedo, quase sempre apertadas entre ribanceiras [...] dão à ilha uma verduraconstante e uma voz de oiro.

Montanhas, gargantas profundas se abaixaram gradualmente até ao mar - negras ou iluminadas; colinas em catarata despenham-se - e com a névoa cria-se um panorama de sonho - um panorama de luz sempre a refazer-se.


Da grande muralha selvática que tapa o vale despenham-se, de trezentos, quatrocentos metros de altura, três fitas azuladas de água que caem em baixo em silêncio.



in As Ilhas Desconhecidas, Raul Brandão

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