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Chegamos ao Paso de Jama, que marca a nossa saída da Argentina, muito antes a abertura da fronteira para nos anteciparmos aos camiões que não tardarão a aparecer. Com o corpo já habituado às alturas não sentimos o peso dos 4400 metros. Mas sentimos o frio, o vento forte e gelado que sopra neste ermo desabrigado. Tudo é desolador. A fronteira reduz-se a 3 construções - um quiosque fechado, um barracão que deve servir de dormitório e a alfândega onde dois funcionários de dedos adormecidos folheiam pormenorizadamente os passaportes, verificam os documentos dos jipes com uma letargia justificada pela baixa temperatura. Finalmente entregam-nos a papelada, sem uma palavra, um sorriso.
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E começa a descida, vertiginosa, para o Chile, que nos faz atravessar o que deve ser uma das mais extensas terras-de-ninguém do planeta, os 157 km que separam o controle fronteiriço da Argentina do do Chile, em San Pedro de Atacama, um desnível de 2000 metros a exigir o máximo dos motoristas que esforçam os motores dos jipes para que não façamos companhia aos muitos veículos que vemos esborrachados nas ravinas.
Mas é a paisagem, mais do que a estrada, que chama a nossa atenção. Vulcões, lagoas geladas de águas turquesa, pássaros, campos amarelos, as primeiras vicuñas, o salar de Atacama... E ao fundo a presença hipnotizante do cone quase perfeito do imponente vulcão Licancabur.
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1 comentário:
lindo.
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