sexta-feira, abril 23, 2010

Chuquicamata

A presença faz-se notar a quilómetros de distância por uma densa nuvem de poeira que se eleva no deserto de Atacama. Para a descrever basta uma palavra: colossal.
Falamos de Chuquicamata, Chuqui para os locais, a maior mina de cobre a céu aberto do planeta, explorada pela Codelco, o maior produtor mundial de cobre e a empresa que mais contribui para o PIB chileno.

Mas.. já lá vamos, passemos primeiro por Calama, a cidade que a mina fez nascer e crescer.
Depois da imensidão do deserto, das aldeias de casas de adobe, Calama parece deslocada, uma peça de um puzzle que se enganou na caixa. É uma cidade moderna, com ATMs e centros comerciais, com estradas e infra-estruturas com que as outras povoações de Atacama nem sabem que existem. Boa parte da publicidade que encontramos na cidade é dirigida aos bem pagos trabalhadores da mina: as botas de trabalho da marca X, o fato-macaco Y.


É num autocarro confortável e de capacete ajustado à cabeça que entramos na zona da mina, numa das visitas que a Codelco permite.

Passamos pelo antigo bairro operário, agora desabitado pois, por questões ecológicas e sanitárias obrigaram à do pessoal para Calama. Junto à mina ficaram as casas, o teatro, a maternidade, a escola, a mercearia, vazias mas bem cuidadas.

A abrir o apetite para o prato principal, a mina propriamente dita, uma primeira paragem junto à estação de tratamento de águas. Apesar de a companhia manifestar preocupação com a segurança dos trabalhadores, o processo de extracção do metal provoca a libertação de quantidades significativas de enxofre e arsénico e conta-se que a mulher de um operário chegou a estar presa algum tempo quando o marido faleceu durante umas férias em Espanha e a autópsia revelou a presença de arsénico do cadáver.

A grandeza da mina é impressionante, como o é a das máquinas que lá trabalham, dos bulldozers e camiões que levantam nuvens de poeira quando se deslocam nos terraços do imenso poço. Apesar de enormes - só as rodas têm quatro metros de diâmetro - parecem brinquedos aos nossos olhos que os contemplam à distância.

Pena que as apertadas normas de segurança não permitissem que nos aproximássemos para uma fotografia ao lado destes colossos!


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