quinta-feira, abril 15, 2010

A lenda do Cardón

Os cactos são uma presença constante no noroeste argentino, como em todo o Altiplano. Tudo neles tem utilidade. Ainda hoje os povos andinos aproveitam a sua madeira seca para a construção ou para a criação de objectos de uso comum ou de artesanato. A sua flor, a tuna, que apenas se abre nas vésperas de dias de chuva, funciona como uma estação meteorológica caseira.
Os seus frutos eram um alimento de tal modo importante na dieta dos povos índios que fornece indicações preciosas aos arqueólogos: uma grande concentração de cactos pode resultar da acumulação de sementes ingeridas e expelidas pelos elementos de uma comunidade e indicar, assim, uma zona que merece ser escavada pois aí deve ter existido um povoado.

São várias as espécies de cactos que encontramos na zona mas o "cardón" destaca-se por parecerem representar o tronco e os dois braços de um homem. E não será?

Diz uma lenda argentina que há muitos anos a filha do chefe de uma aldeia se apaixonou por um lindo rapaz. A história não chegaria aos nossos dias se o rapaz não fosse bonito, cheio de qualidades mas de origem humilde. Unir-se à filha abastada do chefe era, por isso, impossível.
Desesperados os jovens decidem fugir mas são de imediato perseguidos pelo chefe da aldeia e por um grupo de habitantes. Em desespero pedem a ajuda de Pachamama que os transforma em cactos para que passem despercebidos aos olhos dos perseguidores. Por isso os cardóns têm uma forma quase humana.

1 comentário:

Carlos Manuel Ribeiro disse...

Interessante lenda!

Abraço e bom fim-de-semana,
CR/de