quarta-feira, abril 28, 2010

Quem tem olho é rei

Chamava-se Caterina e o galante Luís lançou-lhe o olho, o único que tinha. Azar! O mesmo havia feito João que à plena posse das suas capacidades visuais aliava o facto de ser rei e senhor do primeiro.

E o que fazer quando tudo se pode e surge alguém que parece não perceber esse pormenor? Desterrar o rival, que a morte talvez fosse pena demasiada.
E foi assim que Luís foi convidado a ir carpir as suas mágoas para a tranquila Constância. Sorte a da vila que agora recolhe os louros de tão ilustre estadia, respira e transpira Camões em cada esquina. No passeio à beira-rio, na casa do poeta, no jardim do Horto...

Sentado bem perto do rio Luís parece sofrer ainda pelos não-amores de Caterina e lança ao vento e à água os últimos versos de um soneto que lhe dedicou:

[...]
Quando Liso Pastor, num campo verde,
Natércia, crua Ninfa, só buscava
Com mil suspiros tristes que derrama.

Porque te vás de quem por ti se perde,
Para quem pouco te ama? (suspirava)
E o eco lhe responde: Pouco te ama.

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