Como vivem 18 pessoas a bordo de uma feluca de 15 metros? Apertadas, claro! O espaço reduzido exige alguma organização. Às refeições as bebidas só vêm para a mesa depois de todos termos comido, para evitar que o estender do braço para chegar ao frasco do doce entorne o café sobre a toalha-colchão.
Prepararmo-nos para a noite, ir buscar roupa ou o saco-cama, tem os contormos de uma expedição. A bagagem está guardada na "mina", um túnel longo, baixo e escuro no porão da feluca, onde só podemos ir à vez, de lanterna e a rastejar. Uma vez lá dentro segue-se uma demonstração de contorcionismo até se conseguir aceder ao saco e retirar o par de meias para o dia seguinte, ou para recuarmos, sempre de rojo, arrastando a trouxa até à claridade do convés.
O resto do tempo, as horas de navegação, são passadas com conversas ou jogos, a tentar por leituras em dia ou a olhar para as margens que passam como um filme.
Com o vento predominante a chegar de norte e sendo para norte que nos dirigíamos, era à bolina que avançávamos. Em geral o progresso era calmo ou mesmo lento, muito lento, e o vento que não havia deixava-nos a flutuar, parados, no meio do rio e nos obrigou uma noite a acender as lanternas e esbracejar energicamente para assinalar a nossa presença a um paquete que se aproximava demasiado e que, na escuridão que nos envolvia, não se tinha apercebido da casquinha de noz que estava à sua proa.
Vezes houve também em que o vento frio resolvia obrigar-nos a ir à "mina" procurar casacos e gorros que nos protegessem do frio e da água que entrava.
Nasser, mais pesado, largou os afazeres da cozinha e passou para o leme mas rapidamente teve de pedir ajuda a Houssama, para juntarem forças para as manobras.
E nós lá dávamos a ajuda que podíamos, passando de bombordo para estibordo e de regresso a bombordo à medida que as bolinas se sucediam, curtas e cerradas.
E quando no final desse dia fundeámos junto a uma olha soube bem o colocar das lonas para nos proteger do vento quand, por fim, nos conseguimos enroscar nos sacos-cama e adormecer.
E nós lá dávamos a ajuda que podíamos, passando de bombordo para estibordo e de regresso a bombordo à medida que as bolinas se sucediam, curtas e cerradas.
E quando no final desse dia fundeámos junto a uma olha soube bem o colocar das lonas para nos proteger do vento quand, por fim, nos conseguimos enroscar nos sacos-cama e adormecer.
2 comentários:
uma aventura claustrofóbica!
Pois Camachinho, era mesmo o que ía escrever ...até fiquei com falta de ar ao ver a tua foto, Guida! ;)
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