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Irritados os deuses transformaram-nos na enorme pedra e nos pequenos rochedos que ainda hoje se podem ver e que dão o nome à praia.
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É ao azul do Índico que Broome deve a sua existência. As águas turquesa atraíram empresários japoneses que, nos finais do século 19, instalaram centros de exploração de pérolas arrastando trabalhadores chineses e malaios que se juntaram ao aborígenes na perigosa tarefa de recolha. Sem equipamento de mergulho, em apneia e sem qualquer protecção, muitos foram os que não resistiram à profundidade, às correntes. às letais medusas ou aos tubarões.
E é ainda o azul do Índico que hoje atrai um número razoável de gentes à que é tida como uma das melhores praias da Austrália: Cable Beach.A areia fina, ondas quase indolentes, águas mornas ... que bem soube o primeiro banho de mar australiano. Quem diria que, mesmo passando seis semanas no pais, este seria também o último?
Andar a pé não faz parte do imaginário dos australianos e o peão é um ser raro. Incómodo, mesmo.
Tão incómodo que em Broome, como em muitos sítios por onde passámos, não há passeios. Há mato, uma réplica do famoso bush, terra coberta de ervas altas que picam as pernas e são a única alternativa ao caminhar pelo meio da rua. E só com sorte se encontra uma pista de bicicletas que, com todas as devidas precauções, podemos utilizar.
Passadeiras para peões tal como as conhecemos? Não existem!
Há lugares onde o passeio rebaixado permite deixar adivinhar uma possível passagem em segurança. Mas não há qualquer informação aos condutores, nem um sinal nem riscas brancas no chão, nem uma placa. Nada!
Os peões, esses sim, são avisados por uma tabuleta que reza assim:
(Broome, Western Australia)
Em Cairns, cidade bem turística, a situação parecia diferente, com passadeiras e semáforos para os peões. Mas basta afastarmo-nos 50 metros do pequeno núcleo central que estes mimos desaparecem e reencontramos os passeios desnivelados, colocados à revelia do conhecimento dos automobilistas e onde são raríssimos os que dão passagem ao humilde peão.
Decididamente este pais tão imenso não foi feito para andar a pé!