Irritados os deuses transformaram-nos na enorme pedra e nos pequenos rochedos que ainda hoje se podem ver e que dão o nome à praia.
domingo, agosto 29, 2010
A lenda da Praia da Ursa
Irritados os deuses transformaram-nos na enorme pedra e nos pequenos rochedos que ainda hoje se podem ver e que dão o nome à praia.
sábado, agosto 21, 2010
Boab Prison Tree
Seja como fôr, os baobás, a quem os australianos, numa adulteração do inglês "baobab", chamam "boabs", fazem parte da paisagem do Kimberley.
Os aborígens tiraram deles bom proveito: os frutos de polpa branca, as raízes que usavam na alimentação ou para fazerem remédios; o tronco esponjoso que fornecia reserva de água. E cola, e unguentos e muito mais.
Outra utilização lhes deram os criativos europeus que se instalaram na região: prisão.
Sendo necessários mergulhadores para a rentável exploração de pérolas e porque nem os europeus estavam dispostos a pôr o pé nos mares infestados de tubarões nem os aborígenes estavam interessados, a solução que os primeiros encontraram foi o rapto dos segundos.
Os religiosos viram com bons olhos a iniciativa por acharem que, privando as comunidades de jovens e adultos, os que sobravam, velhos, mulheres e crianças, seriam mais pacíficos.
Assim, nas últimas décadas do século 19, muitos aborígenes desapareceram das suas terras, forçados a caminhar 50 km por dia, acorrentados uns aos outros. Já perto de Derby, enquanto esperavam o barco que os levaria até Broome, eram amarrados em torno de um enorme baobá, velho de 1500 anos, que passou a ser conhecido por Boab Prison Tree.
Anos mais tarde, quando os europeus criaram as enormes explorações de gado os aborígenes, para quem "propriedade privada" era um conceito inexistente e contrário ao seu modo de ver a vida, fizeram o que estavam acostumados: matar animais para se alimentarem. O enorme baobá serviu uma vez mais de prisão aos que aguardavam a transferência para os novos calabouços de Derby.
quarta-feira, agosto 18, 2010
Fly me to the moon
Aaaah, se eu pudesse subia-os um a um, devagarinho, até chegar à lua!
O primeiro reflexo numa poça que a maré vazante deixou na areia, o primeiro degrau. E o segundo, ... o terceiro ...
1 ... 2 ... 3 ... 4 ... fly me to the moon, let me play among the stars ...
Algumas informações sobre Staircase to the Moon aqui.
segunda-feira, agosto 16, 2010
Um pouco mais de azul e eu era além
É ao azul do Índico que Broome deve a sua existência. As águas turquesa atraíram empresários japoneses que, nos finais do século 19, instalaram centros de exploração de pérolas arrastando trabalhadores chineses e malaios que se juntaram ao aborígenes na perigosa tarefa de recolha. Sem equipamento de mergulho, em apneia e sem qualquer protecção, muitos foram os que não resistiram à profundidade, às correntes. às letais medusas ou aos tubarões.
E é ainda o azul do Índico que hoje atrai um número razoável de gentes à que é tida como uma das melhores praias da Austrália: Cable Beach.A areia fina, ondas quase indolentes, águas mornas ... que bem soube o primeiro banho de mar australiano. Quem diria que, mesmo passando seis semanas no pais, este seria também o último?
sábado, agosto 14, 2010
Este país não é para peões
Andar a pé não faz parte do imaginário dos australianos e o peão é um ser raro. Incómodo, mesmo.
Tão incómodo que em Broome, como em muitos sítios por onde passámos, não há passeios. Há mato, uma réplica do famoso bush, terra coberta de ervas altas que picam as pernas e são a única alternativa ao caminhar pelo meio da rua. E só com sorte se encontra uma pista de bicicletas que, com todas as devidas precauções, podemos utilizar.
Passadeiras para peões tal como as conhecemos? Não existem!
Há lugares onde o passeio rebaixado permite deixar adivinhar uma possível passagem em segurança. Mas não há qualquer informação aos condutores, nem um sinal nem riscas brancas no chão, nem uma placa. Nada!
Os peões, esses sim, são avisados por uma tabuleta que reza assim:
(Broome, Western Australia)
Em Cairns, cidade bem turística, a situação parecia diferente, com passadeiras e semáforos para os peões. Mas basta afastarmo-nos 50 metros do pequeno núcleo central que estes mimos desaparecem e reencontramos os passeios desnivelados, colocados à revelia do conhecimento dos automobilistas e onde são raríssimos os que dão passagem ao humilde peão.
Decididamente este pais tão imenso não foi feito para andar a pé!
terça-feira, agosto 10, 2010
Come to Australia
Come to Australia
Red back, funnel web, blue ringed octopus
Taipan, Tiger snake, Adderbox and Jellyfish
Stone fish and the poison thing that lives in a shell, that spikes you when you pick it up
Come to Australia
You might accidentally get killed
Your lifes constantly under threat
Have you been bitten yet?
You've only got 3 minutes left
Before a massive coronary breakdown
Red back, funnel web, blue ringed octopus
Taipan, Tiger snake, Adderbox and Jellyfish
Big shark, just waiting for you to go swimming
At Bondi Beach
Come on
Come to Australia
You might accidentally get killed
Your blood is bound to be spilled
With fear your pants will be
Filled
Because you might accidentally get killed
domingo, agosto 08, 2010
Expect the unexpected
De todos os países que visitei foi a Austrália o que mais me surpreendeu, o que menos correspondeu ao que dele imaginava.
Grande como toda a Europa, esperava uma sensação de liberdade e encontrei vedações que, a escassos metros das pistas, impedem a passagem, protegem o que é parque nacional, ou território sagrado aborígene ou herdades de dimensões irreais.
Esperava vistas até ao infinito e descobri florestas tão cerradas que gostava de as ter destruído para poder ver o que escondiam.
Preparava-me para banhos deliciosos nos seus 26 000 km de costa mas, em quase todos os sítios por onde andámos, nem um pezinho lá pude pôr: crocodilos e medusas e raias e tubarões, que bem os vimos, tornam as águas turquesa e deliciosamente apetecíveis, num fruto proibido, um suplício de Tântalo.
Esperava um povo descontraído e espantei-me com o formalismo, a precisão, o cumprimento rígido de regras.
Esperava ver cangurus, ornitorrincos e coalas, mas, nas primeiras semanas, os únicos animais selvagens que vimos foram cavalos, burros e camelos.
Esperava céu azul e encontrei uma estação seca... chuvosa.
Mas vi gargantas misteriosas, montanhas às riscas, rochas em equilíbrios impossíveis, nadei a centímetros de grandes crocodilos e atrás de tubarões. Conversei com aborígenes e soprei um didgeridoo, encontrei personagens dignas de um filme, atravessei rios a nado, percorri grutas escuras com água pela cintura, sem saber por onde me levaria o passo seguinte.
Adormeci sob céus de milhões de estrelas, acordei ao som de sinfonia de dezenas de pássaros diferentes, afastei da tenda sapos e aranhas que lá queriam entrar, afastei-me prudentemente de lagartos grandes como cães, passei pelo meio de colónias de enormes morcegos, vi uma escada que subia até à lua
Sacudi os ossos em pistas esburacadas, molhei os pés nas passagens de rios, subi e desci pedregulhos, encharquei-me com a água quente do Pacífico que invadia o convés do ferry.
E vi, afinal, cangurus e wallabies, dingos e kookaburras, brolgas e jabirus, koalas e lagartos espinosos e até o raro casuar e sua cria.
E vivi a magia do pôr e do nascer do sol em Uluru, o fascínio de mergulhar, mesmo com chuva, em gargantas cheias de vida da grande barreira de coral.
De todos os países que visitei foi a Austrália o que mais me surpreendeu. No fundo, como os australianos gostam de dizer, expect the unexpected.