sábado, dezembro 25, 2010
sexta-feira, dezembro 24, 2010
quarta-feira, dezembro 15, 2010
sábado, dezembro 11, 2010
Türkiye'deki fotografçılık
Nada disso! Participam num workshop de fotografia na EFSAD.
sexta-feira, novembro 26, 2010
Com a mentira não me enganas...
“Tenho-me esquecido de vos mostrar isto”, disse, apontando para uma bomba de água movida a vento. "Como sabem o interior australiano pode ser quente, muit, muito quente. Pois bem, para evitar que o gado morra de calor, os agricultores criaram este sistema de refrigeração automática. Quando a temperature ultrapassa os 35º o motor entra em funcionamento e faz girar as pás para refrescar as vacas.”
LOLLOLLOLL…
Se o objectivo era acordar-nos a rir, consegui-o.
Esta é uma das petas que os aussies tentam impingir aos turistas, mas há mais:
“Este animal (Russel referia-se às vacas tipo zebu, com uma bossa no cachaço) é um “camoo”, um híbrido que resulta do cruzamento entre uma vaca e um camelo e que consegue resistir aos longos períodos de seca do outback.”
Pois…
Os caranguejos atarefavam-se na praia de Cape Tribulation, escavando buracos, saindo de uns, escondendo-se em outros, deixando centenas de pontinhos nas areias molhadas, fazendo bolinhas de areia que ficavam espalhadas pela praia.
“É um efeito engraçado, não é?”, comentava Ron. “Sabem que foram estes caranguejos quem inspirou a arte aborígene?”
Claro, Ron, principalmente os aborígenes do outback interior!
segunda-feira, novembro 01, 2010
De cowboy a Camões
Ernie, que seguia à frente, já tem água pelo pescoço e esbraceja para se manter à tona enquanto, entre gargalhadas, tenta alertar-nos para o evidente mergulho.
Splash, splash, splash... Um a um caímos no rio e é a nadar que empurramos até à outra margem as caixas de esferovite onde as mochilas e roupas estão a salvo.
sábado, outubro 23, 2010
Kimberley é só garganta(s)!
Nas Bell derrapámos (e caímos) nas lajes que a chuva tornou perigosamente escorregadias, subimos e descemos colinas, vimos árvores de folhas "sogra-e-genro" e formigas de abdómen verde.
Nas Galvin atravessámos um carreiro de floresta para chegar às pinturas aborígenes que representavam o espírito que traz a chuva.
Nas Chamberlain, já no parque de El Questro, embarcámos num batelão que nos levou por entre falésias douradas e nos fez descobrir os "7 spots archers", peixes que se habituaram a apanhar os insectos lançando um poderoso jacto de água.
Nas pedregosas Emma pusemos os pés sobre as marcas que o fluxo das águas deixou sobre lajes milenárias, deliciámo-nos com os reflexos das falésias iluminadas.
Nas El Questro lutámos com passagens complicadas, escorregámos nas pedras que rolavam sob as nossas botas.
Em todas elas atravessámos rios sobre pedras em equilíbrio instável, trepámos rochas, saltámos pedras e chegámos ao fim certos de merecer o banho, por vezes fresco, por vezes frio, que aliviava os músculos desfeitos pelo esforço.
segunda-feira, outubro 18, 2010
Pegadas lusas
Mas isso não significa que a pátria lusa passe desapercebida. Depois de dias no isolamento do outback chegamos a essas espécies de micro-oásis de civilização que são as road stations e mal acredito no que vejo. A foto de cores alegres que enche meia página de um dos jornais é-me familiar, muito familiar, mas ... mas, sim, é o Palácio da Pena que sobressai enorme na reportagem de duas páginas dedicadas ao turismo em Portugal.
Em Darwin cruzei-me com o Nando's, a cadeia de frango de churrasco e saladas que já tinha visto no Malawi e na África do Sul. Na zona de Cape York conheci John, que passeava um pólo, recordação de um torneio de golfe em greens portugueses; e Marilyn que me assegurou que o pai, historiador, tinha argumentos fortes que sustentavam que fomos "nós" os primeiros europeus a tocar solo australiano. E que em Sidney há mesmo uma semana portuguesa que celebra o feito e conta com a presença do cônsul português.
Invariavelmente o nome de Portugal provocava no meu interlocutor um arregalar de olhos genuinamente feliz, acompanhado de expressões do tipo "Uau! Portugal!" Nunca percebi o porquê deste espanto, até porque a conversa sobre o país parava de imediato.
Mas houve um caso diferente, o dia em que Ron olhou para mim com estranheza, como quem olha para um ser bizarro e, num tom sério e pausado, disse:
"Acho que nunca tinha visto ninguém de Portugal."
sexta-feira, outubro 15, 2010
Lagartices
Não sendo um genuíno dragão de Komodo nem exalando o cheiro pestilento que caracteriza o outro, o perentie que se passeava pelo nosso acampamento não deixava de ser impressionante. Confesso que me arrepiei quando, num momento de pausa após o almoço, o vi a pouco mais de um metro, entre as tendas, à procura de algum resto comestível.
Mas pelos vistos eu não encaixava nessa categoria e a lagartixa gigante, que devia ter mais de 2 metros, continuou a sua procura indiferente à perseguição fotográfica que lhe fiz.
Foi só à noite quando recolhemos às tendas, cansados das caminhadas pelas gargantas e terminado o serão à volta da fogueira que Russel, desta vez com um ar preocupado, nos levou a pensar de novo no réptil:
“Eles não fazem mal mas, mesmo assim, se saírem da tenda à noite, tenham cuidado, levem lanterna, não vão esbarrar com algum.”
domingo, setembro 19, 2010
I will be back
Não há sítio no mundo, dos que conheço e, penso, dos que espero vir a conhecer, que mais me emocione do que o deserto. O espaço, o silêncio, a magia da luz a brincar nas rochas, o ritmo dos sulcos que o vento desenha na areia, o esplendor dos céus de milhares de estrelas a consciência da minha insignificância.
A paixão começou, por acaso, numa noite dormida à beira de uma pista e do deserto, algures em Marrocos. Seguiu-se a Tunísia e a Argélia e a Líbia e o deserto branco do Egipto e novamente a Argélia.
Numa saborosa evocação aqui ficam imagens do filme , os relatos dos "meus" dois últimos desertos: o branco do Egipto e o vermelho da Tadrat argelina e a frase que digo para mim mesma no final de uma viagem no deserto: "I will be back."
Inshalah!
quarta-feira, setembro 08, 2010
Tunnel Creek
Splash, splash, splash, ... um a um, sem surpresas, deixamo-nos afundar e continuamos a marcha.
Se as luzes das lanternas fossem mais fortes veríamos com pormenor as imensas estalactites que pendem do tecto. Ou talvez víssemos alguns peixes ou crocodilos (pequenos e inofensivos, valha-nos isso) que aqui abundam. Mais do que ver, sentimos o cheiro das colónias de morcegos que fazem desta caverna a sua casa.
O sítio chama-se Tunnel Creek e foi, há mais de uma centena de anos, o esconderijo de Jandamarra, o aborígene que liderou uma longa insurreição contra a colonização europeia. Conhecia com detalhe cada recanto da região e era de tal modo hábil a esconder-se e a despistar os perseguidores que até mesmo os membros das tribos aborígenes achavam que o seu corpo era a manifestação física de um espírito que habitava as águas geladas e negras da caverna e que, por isso, seria imortal.
Enganaram-se. Após 3 anos de guerrilha, de luta pela defesa das suas terras e gentes, foi junto a Tunnel Creek que Jandamarra perdeu a vida. A sua cabeça cortada foi exibida como prova da morte e enviada, como troféu, para Inglaterra.
sábado, setembro 04, 2010
Kings of the road
Nelson, como Phil, é condutor de road-trains, os enormes camiões que, como os cangurus, fazem parte do outback australiano, e são os responsáveis pelo abastecimento das comunidades dos Territórios do Norte e da Austrália Ocidental.
Aproximam-se velozes, envoltos numa nuvem de poeira e desaparecem mergulhados em mistério. Os que circulam nas estradas e pistas públicas chegam aos 54 metros (perdão, aos 53,5 metros que o rigor australiano é para ser levado a sério) mas nas pistas privadas das grandes herdades atingem o dobro.
Para ultrapassar um deles é necessária uma recta com, pelo menos 1 km, mas os outros condutores são aconselhados a não o fazer, a segui-los a uma boa distância ou, melhor, fazer uma pausa numa road station. A deslocação de ar que provocam é tão grande que os carros pequenos encostam na beira da estrada assim que os vêem aproximar-se e cruzam os dedos para que nenhuma das pedras que projectam lhes esmague o pára-brisas.
Diz-se que os condutores destes monstros se alimentam de anfetaminas, que só assim aguentam vários dias sem dormir, quem sem elas a Austrália ficaria paralisada.
Mas são considerados os mais simpáticos e respeitadores das regras de trânsito do país.
Não admira que Nelson não tenha apreciado as estradas portuguesas.
quarta-feira, setembro 01, 2010
A estrada do bife
Uma tira vermelha e poeirenta, longa de 660 quilómetros, rasga a paisagem inóspita do Kimberley. Chama-se Gibb River Road mas os locais conhecem-na por Beef Road, por atravessar explorações de gado de dimensões inimagináveis.
À volta quase tudo é desolador: eucaliptos sem fim que se erguem numa terra seca e árida, zonas pedregosas, rios que só na época seca é possível cruzar e, mesmo assim, com cuidado.
Mas basta tomar as pequenas e difíceis pistas que nela convergem para descobrir as jóias que a tornam famosa. E vemos rios de água cristalina que serpenteiam por entre gargantas profundas, rochas de formações singulares, cascatas que nos refrescam do esforço de caminhadas exigentes.
E ficamos em silêncio diante de pinturas aborígenes de milhares de anos, que nos contam um tempo, o dos sonhos, quando não havia homens e os espíritos criaram o mundo.
domingo, agosto 29, 2010
A lenda da Praia da Ursa
Irritados os deuses transformaram-nos na enorme pedra e nos pequenos rochedos que ainda hoje se podem ver e que dão o nome à praia.