segunda-feira, outubro 18, 2010

Pegadas lusas

O campeonato do mundo de futebol não desperta o interesse dos australianos que preferem o rugby e o cricket. E, ao contrário do que sucede em boa parte do mundo, a referência a Portugal não tem como reacção pavloviana o nome de Cristiano Ronaldo.

Mas isso não significa que a pátria lusa passe desapercebida. Depois de dias no isolamento do outback chegamos a essas espécies de micro-oásis de civilização que são as road stations e mal acredito no que vejo. A foto de cores alegres que enche meia página de um dos jornais é-me familiar, muito familiar, mas ... mas, sim, é o Palácio da Pena que sobressai enorme na reportagem de duas páginas dedicadas ao turismo em Portugal.

Em Darwin cruzei-me com o Nando's, a cadeia de frango de churrasco e saladas que já tinha visto no Malawi e na África do Sul. Na zona de Cape York conheci John, que passeava um pólo, recordação de um torneio de golfe em greens portugueses; e Marilyn que me assegurou que o pai, historiador, tinha argumentos fortes que sustentavam que fomos "nós" os primeiros europeus a tocar solo australiano. E que em Sidney há mesmo uma semana portuguesa que celebra o feito e conta com a presença do cônsul português.

Invariavelmente o nome de Portugal provocava no meu interlocutor um arregalar de olhos genuinamente feliz, acompanhado de expressões do tipo "Uau! Portugal!" Nunca percebi o porquê deste espanto, até porque a conversa sobre o país parava de imediato.

Mas houve um caso diferente, o dia em que Ron olhou para mim com estranheza, como quem olha para um ser bizarro e, num tom sério e pausado, disse:
"Acho que nunca tinha visto ninguém de Portugal."


2 comentários:

RCC disse...

Ja eu não posso dizer o mesmo.
Na Malasia, Portugal é Cristiano Ronaldo...

Rutix disse...

Quem diria,MMP,que ainda ias ser considerada umespécime raro.... LOL

Também prefiro ser associada a um frango de churrasco do que a um galapito da bola!!!