Logo a abrir apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade a navegar. Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico de um miradouro ou sentado numa nuvem vejo-te em cidade-nave, barca com ruas e jardins por dentro, e até a brisa que corre me sabe a sal.
Ah, sim. "Se fosse Deus parava o sol sobre Lisboa", escreveu Fernando Assis Pacheco num poema tonto de luz (a tão citada luz sempre imprevista). De acordo, mas uma cidade de caprichos como esta nunca o sol a pode iluminar por igual. Tem de se lhe afeiçoar aos contornos e aos instintos desordenados, à sua placidez aqui, ao burburinho dos bairros velhos acolá, e é com esses desvelos que ele lhe dá cor singular.
Ah, sim. "Se fosse Deus parava o sol sobre Lisboa", escreveu Fernando Assis Pacheco num poema tonto de luz (a tão citada luz sempre imprevista). De acordo, mas uma cidade de caprichos como esta nunca o sol a pode iluminar por igual. Tem de se lhe afeiçoar aos contornos e aos instintos desordenados, à sua placidez aqui, ao burburinho dos bairros velhos acolá, e é com esses desvelos que ele lhe dá cor singular.
José Cardoso Pires
in Lisboa - Livro de Bordo
Lisboa a pé com o Desporto da Universidade de Lisboa e Lisbon Walker. Mais fotografias aqui.
in Lisboa - Livro de Bordo
1 comentário:
José Cardoso Pires tem uma prosa inimitável.
Desleixei-me e acabei por não me inscrever no passeio…
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