Páre, escute e olhe. Assim fizemos mas sabíamos de antemão que não era dia de passagem do único comboio que frequenta estes carrris, o mítico Tren de las Nubes.
O ramal faz parte da linha que ligava Salta, na Argentina, a Antofagasta, no Chile, construído para substituir as caravanas de mulas que penosamente abasteciam as minas de salitre chilenas. O engenheiro norte-americano Ricardo Murray deu início às obras em 1921 mas as dificuldades impostas pela geologia e pela morfologia do terreno, pela altitude e pelo clima foram tantas que só em 1948 foi possível fazer passar o primeiro comboio. Um pouco tarde demais pois a era do salitre estava já a terminar, fosse pelo esgotamento das minas ou do interesse económico, e as viagens terminaram também.
Só nos anos setenta os comboios tornaram a dar vida aos carris; ou, mais correctamente, o comboio, pois é apenas um. Em vez de víveres transporta turistas, de Salta a Polvorilla, numa viagem de ida e volta de 434 km, 15 horas e muitos dólares. Lá dentro impera algum conforto: vagão restaurante, serviços de guia em várias línguas, animação garantida nas estações onde pára. Mas o melhor é a paisagem, o acidentado do terreno, as pontes, a linha que se contorce em ziguezagues impossíveis, as montanhas cobertas de neve.
Um desvio de linha em Mina permite trocar a posição da locomotiva que daí até ao finaldeixa de puxar as carruagens para as empurrar montanha acima até aos 4220 metros do famoso viaduto de Polvorilla, um arco de ferro que se eleva a impressionantes 63 m sobre uma paisagem desoladora.
O ramal faz parte da linha que ligava Salta, na Argentina, a Antofagasta, no Chile, construído para substituir as caravanas de mulas que penosamente abasteciam as minas de salitre chilenas. O engenheiro norte-americano Ricardo Murray deu início às obras em 1921 mas as dificuldades impostas pela geologia e pela morfologia do terreno, pela altitude e pelo clima foram tantas que só em 1948 foi possível fazer passar o primeiro comboio. Um pouco tarde demais pois a era do salitre estava já a terminar, fosse pelo esgotamento das minas ou do interesse económico, e as viagens terminaram também.
Só nos anos setenta os comboios tornaram a dar vida aos carris; ou, mais correctamente, o comboio, pois é apenas um. Em vez de víveres transporta turistas, de Salta a Polvorilla, numa viagem de ida e volta de 434 km, 15 horas e muitos dólares. Lá dentro impera algum conforto: vagão restaurante, serviços de guia em várias línguas, animação garantida nas estações onde pára. Mas o melhor é a paisagem, o acidentado do terreno, as pontes, a linha que se contorce em ziguezagues impossíveis, as montanhas cobertas de neve.
Um desvio de linha em Mina permite trocar a posição da locomotiva que daí até ao finaldeixa de puxar as carruagens para as empurrar montanha acima até aos 4220 metros do famoso viaduto de Polvorilla, um arco de ferro que se eleva a impressionantes 63 m sobre uma paisagem desoladora.
É proibido atravessá-lo a pé, mas, porque hoje não é sábado e o tren de las nubes não pássa, ninguém ligou ao aviso. O vento forte empurra-nos para a beira onde um varandim, demasiado ferrugento e com pedaços inexistentes, perdeu há muito a função protectora que deve ter tido e é pelo meio dos carris que percorremos os 224 metros. Lá em cima o frio, o vento, o ar rarefeito acentuam o isolamento e sentimo-nos a pairar no vazio, verdadeiramente nas nuvens.
1 comentário:
UAUUU!!! adorei este post!
Deformação profissional ou não... adorava visitar este sítio!
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