Suponhamos, por um momento, que o empregado comercial Fernando Pessoa, o mestre Alberto Caeiro, os dois discípulos, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, e ainda o ajudante de guarda -livros Bernardo Soares eram membros da mesma associação secreta de viajantes. Será que o lema da associação, a senha passe-partout dos seus membros, poderia ser outra que não esta? Para que precisa de viajar com o corpo quem tão bem viaja com a alma?
Ah, seja como for, seja para onde for, partir!
Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar.
Ir para Longe, ir para Fora, ir para a Distância Abstracta,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
levado, como a poeira, plos ventos, plos vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!
Ode Marítima, Fernando Pessoa
in Livro de Viagem (Ed. Guerra e Paz)
in Livro de Viagem (Ed. Guerra e Paz)
1 comentário:
Não sei quem és. Simplesmente partilhamos a ideia abstracta da viagem, como caminho. Não saberia fazê-lo de outro modo, senão com a vontade do encontro.
Partir é também um retorno ao mais profundo da tua alma. E, nas horas vagas, quando pensas, sentes fazer parte de algo que não vês mas sentes.
É isso que a viagem produz em mim.
A certeza que esse caminho leva sempre a outro.
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