Chama-se Pan-americana e tamanho não lhe falta: cerca de 48.000 quilómetros. Mais do que uma estrada é uma rede de estradas que descem desde a baía de Prudhoe, no Alasca, até Ushuaia, na Patagónia argentina. Tem apenas uma interrrupção, um "soluço" de 87 quilómetros entre o Canal do Panamá e a fronteira deste com a Colômbia. Dizem que assim é para proteger a floresta tropical, para evitar a propagação de doenças. Tem trechos alcatroados, outros nem por isso, atravessa montanhas geladas, planícies e planaltos desertos, selvas densas.
Há zonas intransitáveis na época das chuvas mas no Equador, onde a encontrámos várias vezes, é uma concorrida "auto-estrada" com direito a portagem por onde passam diariamente formigueiros de camiões. Nas bermas os postos de venda de gasolina disputam o lugar com barracas de vendas meio improvisadas.
Mas ainda é possível encontrar trechos da antiga pan-americana, empedrada, tranquila e bucólica, reservada a um reduzido trânsito local, como os que cruzámos a pé, numa caminhada junto ao vulcão Imbabura.
Um sistema tão vasto, tão incompleto e incompreensível que não é tanto uma estrada mas o próprio espírito pan-americano.
Jake Silverstein, 2006
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