quinta-feira, julho 26, 2007

Os números de África

A viagem chega ao fim sem mais nada de relevante a acrescentar. Acrescentemos, apenas, alguns números. Impressionantes.
Durante quase 4 semanas passámos por 6 países da África. Países onde a esperança de vida é de 38 anos, como na Zâmbia ou o Zimbabwe, e só ultrapassa os 43 no Botswana. Países onde a mortalidade infantil varia entre os 44/1000 do Botswana e os 110/1000 de Moçambique.
A República da África do Sul tem um crescimento populacional de -0,46. Sim, negativo! Não que a taxa de natalidade seja baixa. As mortes é que são muitas! SIDA, cólera, malária... pense-se numa epidemia e, quase de certeza, está lá, na África sub-sahariana.


Países onde as taxas de prevalência da SIDA oscilam entre 18 e 26%. Estimados, pois estes são números obtidos por projecção a partir de testes feitos a grávidas que recorrem a centros de saúde.
A SIDA avança graças à prostituição, aos trabalhadores migrantes e aos soldados, claro, mas também graças à falta de informação e prevenção, a crenças – em certas sociedades a "cura" passa por ter relações sexuais com uma virgem.



A malária aumenta porque o transmissor desenvolve, rapidamente, resistência aos medicamentos, porque guerras obrigam as populações a fugir, muitas vezes para zonas insalubres e infestadas de mosquitos, porque, ironia do destino, os projectos de irrigação criam novos locais de proliferação. Uma rede mosquiteira tratada é quanto basta para reduzir drásticamente os números da malária. Mas uma rede custa dinheiro, 1 euro, quantia inatingível para a maior parte das famílias. Na África a sul do Sahara a malária mata 1 milhão de crianças por ano. Duas por minuto. Quantas terão desaparecido no tempo que levou à leitura deste post?

Os números de África são um tsunami silencioso...

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