
Há cinco anos escrevi no diário de viagem: "Nunca tive tanto frio na minha vida!" Não sou caso único. No seu livro Full Circle o Monty Python Michel Palin reforça:
"It´s also dreadfully cold! as cold as I have been on the journey so far, Alaska included. [...] At 14,000 feet ice forms on the inside of the windscreen."

Ainda é noite, estou a 4300 metros de altitude, o solo que piso está pejado de geysers, a temperatura exterior é de -20ºC e estou em El Tatio. Todo o frio e desconforto é esquecido assim que o sol nasce e os jactos de água e vapor se elevam, enormes, em contra-luz, no azul puro do céu. Caminhamos no inferno, entre colunas de água e vapor que se elevam a vários metros, contornamos as pequenas caldeiras cheias de água fervente ou lamas borbulhantes, pisando com precaução as placas de gelo. Todo o cuidado é pouco - o solo é muito instável e há registos de pessoas engolidas por buracos que se formam de repente.
Os primeiros raios de sol inundam o campo, o contraste de temperaturas atenua-se, as manifestações telúricas acalmam-se.


