quarta-feira, março 18, 2009

A luta tradicional

O desporto nacional é o futebol, o voleibol e o basquetebol são cada vez mais populares mas é a luta tradicional que corre nas veias dos senegaleses e dia de combate é dia de concentração dentro e fora dos estádios, ou pelo menos junto aos rádios e às televisões.
O que podem então fazer duas toubabs em noite de combate em Ngandane? Juntar-se à multidão nervosa que se apinhava junto à porta estreita do estádio e tentar entrar no recinto.
O estatuto óbvio de turistas e a hospitalidade senegalesa abriam-nos as portas e minutos depois lá estávamos nós, sentadas no chão poeirento, entaladas entre uns milhares de apoiantes nervosos e ruidosos.

Se em tempos idos as lutas serviam para conquistar uma mulher ou para designar o mais forte da aldeia, hoje é um desporto que seduz multidões e os melhores atletas são pagos a peso de ouro. Não é raro ver miúdos e jovens que passam horas seguidas nas praias a treinar com afinco, na esperança de um dia se puderem juntar aos seus ídolos.

Mas o espectáculo, pelo menos para os nossos olhos leigos, está fora do pequeno círculo de areia onde se desenrola o combate. Está no colorido dos fatos das mulheres que cantando se passeiam pelo recinto obrigando a uma paragem nas disputas. Nos gritos, nos uivos da assistência, nos cânticos de incitamento, no ecoar surdo, poderoso, incessante, arrepiante dos tambores. E nos lutadores, corpos musculados brilhantes dos óleos que trazem boa sorte, cobertos da areia que afasta os maus espíritos, nos amuletos, nos olhares de intimidação que lançam aos adversários.

A luta propriamente dita é rápida. Um ou dois minutos bastam para que um dos combatentes consiga forçar o adversário a colocar as costas no solo ou a ficar apoiado nos quatro membros.

Acabada esta disputa, que venha a seguinte. E outra, e mais outra....

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