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O que podem então fazer duas toubabs em noite de combate em Ngandane? Juntar-se à multidão nervosa que se apinhava junto à porta estreita do estádio e tentar entrar no recinto.
O estatuto óbvio de turistas e a hospitalidade senegalesa abriam-nos as portas e minutos depois lá estávamos nós, sentadas no chão poeirento, entaladas entre uns milhares de apoiantes nervosos e ruidosos.
Se em tempos idos as lutas serviam para conquistar uma mulher ou para designar o mais forte da aldeia, hoje é um desporto que seduz multidões e os melhores atletas são pagos a peso de ouro. Não é raro ver miúdos e jovens que passam horas seguidas nas praias a treinar com afinco, na esperança de um dia se puderem juntar aos seus ídolos.
Mas o espectáculo, pelo menos para os nossos olhos leigos, está fora do pequeno círculo de areia onde se desenrola o combate. Está no colorido dos fatos das mulheres que cantando se passeiam pelo recinto obrigando a uma paragem nas disputas. Nos gritos, nos uivos da assistência, nos cânticos de incitamento, no ecoar surdo, poderoso, incessante, arrepiante dos tambores. E nos lutadores, corpos musculados brilhantes dos óleos que trazem boa sorte, cobertos da areia que afasta os maus espíritos, nos amuletos, nos olhares de intimidação que lançam aos adversários.
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Acabada esta disputa, que venha a seguinte. E outra, e mais outra....
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