quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Era uma vez... Orion

A noite chega, as sombras dos rochedos dissolvem-se na escuridão e, antes que a lua apareça, as estrelas cobrem o céu. A custo descobrimos Orion, perdida no meio de milhares de outras.

Filho de Posídon e de Gaia, o gigante Orion não passava despercebido às mulheres e deusas graças à sua beleza e porte atlético. Amante da caça, gabava-se de ser capaz de matar qualquer animal que encontrasse.

Um dia apareceu-lhe no caminho o maior escorpião que alguma vez tinha visto. Era maior que Orion, que era um gigante, maior do que qualquer animal que alguma vez vivera. Orion atacou-o, envolveram-se numa luta feroz mas o escorpião, de carapaça impenetrável à espada e flechas de Orion, foi o vencedor da contenda matando o guerreiro com uma ferradela venenosa.


Impressionado com o poder do escorpião e a bravura de Orion, Zeus levou ambos para os céus mas colocou-os de modo a que nunca estivessem juntos no firmamento. Assim, quando a Primavera começa, Orion desaparece no brilho do Sol e, no Outono é a vez doEscorpião ser engolido pelo horizonte do ocaso.

Adaptado de Zodíaco: Constelações e Mitos (Nuno Crato). O texto completo pode ser lido aqui


(Imagens retiradas da Internet)

domingo, fevereiro 24, 2008

Geometrias...

O observador não deixa de se espantar com a simplicidade das formas, com a precisão das texturas, com os padrões geométricos.

Ralph Bagnold

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Pus o pé, molhei a meia

Na manhã seguinte às últimas grandes chuvadas o carreiro do jardim parecia o rio Amazonas, tal a força e quantidade de água que por ele corria, e no murito junto ao portão formava-se uma queda de água que rivalizava com as cataratas Vitória. Era a ocasião ideal para estrear as novas botas de caminhada e testar a sua impermeabilidade. E, realmente, depois de percorrer o carreiro e permanecer uns bons minutos a desentupir as saídas de escoamento junto ao portão, com água a chegar aos tornozelos, os meus pés continuavam secos.

Mas, se aqui falo nas botas, é porque elas têm uma longa história.

Após cerca de uma década de muitos quilómetros, fiel companhia e bons serviços, as velhinhas botas de caminhada pediram reforma. Assim, pelo início do verão de 2006, ofereci-me um novo par. Confortáveis, boa aderência ao solo e absorção de choques, membrana impermeável Goretex. Vários quilómetros e alguns meses depois passo, pela primeira vez, um ribeirinho e ... pus o pé, molhei a meia. Impossível! Molhar o pé com umas botas Goretex?

Prontamente a loja onde as tinha adquirido resolveu o problema substituindo-as por um novo par, em tudo igual. Tão igual que mais alguns meses, mais umas caminhadas depois, na passagem do primeiro regato molhei, uma vez mais, os pés.
E uma vez mais a loja, passados que foram quase dois anos desde a primeira compra, as substituiu, desta vez por um outro modelo.

Mas o mais importante desta "história" e a razão deste post, não é a odisseia das botas mas o profissinalismo, honestidade e simpatia da equipa da Bivaque que, por iniciativa própria, não se poupou a esforços até que eu pudesse por o pé na água sem molhar a meia.

domingo, fevereiro 17, 2008

Tadrart em imagens

A partir de hoje o Mochila às Costas tem ligação directa aos álbuns de fotografias da viagem à Argélia. Para os ver basta "clicar" aqui ao lado. Os das restantes viagens serão acrescentados aos poucos.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Il n' y a pas de plus grande émotion que d'entrer dans le désert

Primeiros passos, primeiro acampamento junto a altas paredes rochosas que formam com a areia uma espécie de beco sem saída. Acordo a meio da noite, olho os meus companheiros que dormem na areia, espalhados por aqui e acolá, enroscados, como eu, no aconchego do saco-cama. O vento que sopra não é demasiado frio e fico por instantes a olhar a paisagem a que a lua cheia emprestou magia. Os rochas são castelos de prata, as areias parecem ondas de um mar muito brilhante. E torno a adormecer com um sorriso na alma.
Manhã bem cedo, a rotina habitual: arrumar o "quarto", o pão e a bebida quente do pequeno almoço, encher o cantil, pôr a mochila às costas e partir.

Caminhamos no leito seco de um rio. As poucas árvores, secas todas elas, que nos fazem pensar numa savana seca e desolada, parecem transportar-nos para uma época em que tudo era verde, em que por aqui andavam elefantes e girafas.
Aos poucos a paisagem muda. Surgem rochas, surgem as primeiras dunas e até as nuvens vêm dar um ar da sua graça. O deserto envolve-nos numa mistura de cores, formas e texturas...


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Il n' y a pas de plus grande émotion que d'entrer dans le désert
J.M. le Clézio
in Gens des Nuages