quarta-feira, junho 29, 2011

Carcas sonne

Diz a lenda que as hostes de Carlos Magno cercaram a cidade ocupada por mouros comandados pela princesa Carcas. Um cerco longo, muito longo, mas os sitiados lá iam conseguindo produzir alimento suficiente e resistiram cinco anos. No 6º a situação começou a complicar-se e, a certa altura, nada mais havia para comer do que um leitão e um saco de trigo.

Em desespero de causa Carcas empanturra o porquito com todo o trigo que conseguiu e atira-o do alto das muralhas. Esborrachado no solo, o ventre rebentado exibe a fartura de grãos, fazendo crer aos soldados de Carlos Magno que a comida não faltava aos sarracenos.

O estratagema resultou e as hostes gaulesas levantaram o cerco.


Ao vê-los partir, radiante de alegria, a princesa manda tocar todos os sinos, para anunciar a boa nova. E é então que um dos vassalos de Carlos Magno terá gritado a frase que deu o nome à cidade:

“Sire, Carcas sonne!”



domingo, junho 26, 2011

Cougar!

Cougar.
A palavra ouvi-a pela primeira vez há poucas semanas. Não que a não conhecesse, mas apenas a ligava a um animal, ignorando-lhe as conotações comportamentais. A segunda vez que a ouvi com este (novo) sentido foi em Toulouse.
Mas, já lá vamos...

A cidade recebeu-nos em festa, ou, se calhar, é Toulouse e não Paris que é uma festa. O centro nevrálgico da cidade enchia-se de sol e alegria, de manifestações de imigrantes ou contra o presidente sírio, desfiles de motards, cortejos de samba integrados no festival Rio Loco, paradas gay e até um casamento marroquino. As esplanadas estavam cheias, os carrosséis rodopiavam com crianças e adultos.

Com o aproximar do final da tarde, participantes e curiosos que ocupavam a Praça do Capitólio foram debandando, cedendo o lugar às sombras. Jean Philipe, chamemos-lhe assim, resistia ainda. No peito nu não havia pêlos a misturarem-se com o número de telemóvel que nele estava escrito. JP falava, quiçá respondendo a alguém que não resistira ao apelo...

Estranhou o meu pedido para o fotografar perguntando o que pretendia fazer com o número.

"Nada, tenho idade para ser tua mãe." (mentira, tinha mas era idade para ser quase avó dele). "Mas posso dá-lo às minhas amigas", acrescentei, apontando para quem me acompanhava.

Quoi?! Elas são "cougar"?

"Cougar - predarora sexual, mulher na casa dos 40 que tem predilecção por rapazes significamente mais novos"



quarta-feira, junho 22, 2011

La vie en rose, aliás, La ville Rose

Toulouse foi ponto de passagem de Astérix e Obélix que na Volta à Gália aqui compraram a salsicha que leva o nome da cidade. Toulouse foi, também, pista de aterragem dos aviões da Aéropostale pilotados por Saint-Exupéry e Mermoz.

E foi Toulouse quem acolheu os oito valorosos lusitanos no regresso de uma semana de navegação no Canal du Midi.

Chamam-lhe a La Ville Rose (a Cidade Rosa) pois é essa a côr do material de construção que os romanos utilizaram para erguer a urbe Tolosa. Não havendo pedras na região, transportá-las de outro sítio seria caro e moroso. A argila vermelho-alaranjada era, pelo contrário, abundante, e com ela se fizeram os tijolos que caracterizam a cidade.

Ainda hoje é frequente cobrir edifícios modernos com uma camada de barro vermelho para manter o estilo e o tom.

sábado, junho 18, 2011

sexta-feira, junho 17, 2011

Foi assim que aconteceu...(?)


Último dia de navegação e a previsão de dormir já pertinho de Carcassonne onde amanhã, pelas 9 horas, entregaremos, nas melhores condições possíveis, o Tarpon que nos serviu de hotel flutuante.

Durante estes dias passámos sob pontes estreitas e por canais sobre pontes. Lutámos para entrar em comportas e sair delas sem demasiados estragos. Vivemos a um ritmo tranquilo, fomos de bicicleta comprar pão, visitar vilas e cidades, passeámo-nos nos caminhos que bordejam o canal.
Provámos vinhos, cassoulets e outras iguarias locais, conversámos com gauleses e não só.
Fizemos compras em mercearias flutantes, visitámos livrarias históricas e castelos.

Divertimo-nos em conversas sem fim, rimos com os disparates de navegação, jogámos às cartas e talvez à pétanque e, mais importante, sobrevivemos a tantos dias, tanta gente, em tão reduzido espaço. ;-)

quinta-feira, junho 16, 2011

quarta-feira, junho 15, 2011

Sosseguinho

A esta altura já devemos navegar sem o stress dos primeiros dias. Ou se calhar encostamos à margem e só saímos de lá para ir devolver o barco. E pode ser que, pelo meio das árvores, consigamos ver o eclipse da Lua prometido para hoje.

segunda-feira, junho 13, 2011

Por aquele rio abaixo

Se tudo correr como planeado iremos até Narbonne e regressamos a Carcassonne: 147 quilómetros, 58 comportas.

domingo, junho 12, 2011

O tal canal

Inscrito também ele, no património mundial da Unesco, o Canal du Midi faz parte da rede vias navegáveis que ligam o Atlântico ao Mediterrâneo e é uma verdadeira obra-prima da engenharia francesa. Vamos ver se não o estragamos!

sábado, junho 11, 2011

All on board!!

Dia de compras para a semana que passaremos a bordo de um transatlântico como este. Embarque ao fim do dia.

sexta-feira, junho 10, 2011

Carcassonne

Cidade medieval por excelência, inscrita no património mundial da Unesco, um dia para explorar torres e ruelas.
Imagem: (c) IRÈNE ALASTRUEY - AUTHOR'S IMAGE

quinta-feira, junho 09, 2011

Toulouse

Começa-se o dia de avião. Adequado já que Toulouse é o berço do Airbus.
Mas não há tempo para devaneios, que o comboio nos espera para nos levar até Carcassonne.

Imagem: NOUGARO - FOTOLIA.COM

quarta-feira, junho 08, 2011

Canal du Midi

(foto: http://www.grandsites.midipyrenees.fr)

A vontade de fazer uma viagem pelos canais de França vem de longe, do dia, algures nos finais dos anos 70 ou início dos 80, em que os meus olhos se esbugalharam de espanto porque ... o que passava em cima da ponte e a da estrada ... era um barco.
Sim, vi, claramente visto, um barco que navegava sobre a estrada! Uau! Também quero!

(foto: http://www.grandsites.midipyrenees.fr)

E finalmente, uns 30 anos depois deste emocionante encontro, a mochila está feita, preparada para a partida de amanhã. (Ver Il était un petit navire)

"Não é preciso experiência" , é o que dizem as agências de aluguer, que continuam: " Dirigir um barco é mais fácil do que conduzir um carro.", frase que pode ser enganadora. E assim o comandante de ocasião espera que o seu barco de 12 metros e umas 10 toneladas seja tão facilmente manobrável como o Smart que o leva pelas ruas da cidade, o que pode conduzir a algumas situações interessantes, especialmente em comportas congestionadas.
(Adaptado de "The Ups and Downs of a Lockkeeper" - Jake Kavanagh)


A minha teoria sempre foi "Se é para todos, eu consigo." Vamos ver se não me engano muito...