domingo, maio 04, 2008

De olhos em bico

Apetece-lhe um khao guai (pequeno almoço tailandês), um prato de laap (salada de carne, do Laos) ou de pakon char poat koun (camarão com milho, do Cambodja)? Basta dirigir-se ao 13eme Arrondissement, mais conhecido por Bairro Chinês de Paris.
Junto às fábricas do que foi um bairro industrial dos arredores ergueram-se descomunais torres de apartamentos, residência dos muitos operários que nelas trabalhavam. O crescimento da cidade forçou a mudança da zona industrial levando consigo a maior parte dos habitantes. Apesar das rendas baixas, aos parisienses não agradou aquele bairro de arranha-céus sem alma e foram os desalojados e refugiados da China, Cambodja, Vietname, Laos e Tailândia, que, a partir dos anos 70, os ocuparam.

Hoje não é apenas um bairro, mas uma "cidade" asiática de 30.000 pessoas, uma comunidade quase autónoma onde é possível trabalhar, fazer compras, comer, viver, sem sair do ambiente oriental.
Na base da torres de 30 andares as lojas e restaurantes, os salões de chá e supermercados, ostentam placas com ideogramas chineses, tailandeses... O ano novo chinês é festejado "à grande e à francesa" com danças, desfiles, petardos e dragões. Há templos budistas, taoistas e pagodes, quase escondidos no meio de um parque de estacionamento ou num canto recatado de uma rua estreita.

O supermercado Tang Frères é um ícone, visitado diariamente por 10.000 pessoas (mais do que o Centro Pompidou). Para nós, ocidentais, incapazes de ler as etiquetas da maior parte dos produtos, é uma festa para os sentidos. Peixes desconhecidos, frutos e legumes de cores e formas insuspeitadas, cheiros invulgares e fortes e a música de fundo das muitas línguas que por lá se falam.

E, à saída, não são poucos os que fazem pintar o seu nome em caracteres chineses. Para dar sorte, dizem.

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