sábado, outubro 20, 2007

O som do silêncio

A corrente é reduzida, a profundidade da água também. Avançamos num ritmo pausado, aos ziguezagues, para tentar escapar aos muitos bancos de areia que assoreiam o rio. Nem sempre o conseguimos mas felizmente Lungo, o 3º membro da tripulação da nossa canoa, está lá e, num instante, flutuamos novamente nas águas avermelhadas do Manambolo.
Turistas, como nós, não vemos. A agência com quem viajamos, a MadCameleon, tem o exclusivo da exploração do rio e organiza os circuitos de modo que cada grupo viaje isolado. O rio é nosso!

Ou quase... Das margens surgem, de vez em quando, mulheres que acenam à nossa passagem, crianças que nos saúdam com um bem disposto "Salama, vazahas" a que respondemos com o "Salama, gasys". Cruzamos uma ou outra canoa com habitantes locais à pesca ou a transportar pessoas e mercadorias.
E há pássaros, muitos. Andorinhas, papagaios, peneireiros, garças, abelharucos, a visão fugaz dos guarda-rios. Os peixes saltam, como que a manifestarem o seu desagrado por perturbarmos o seu banho. Não raras vezes um, mais enérgico, aterra dentro de uma canoa.
O olhar treinado de um dos remadores descobre um primeiro camaleão nos ramos junto à margem. Paramos e o bichito, rapidamente transformado em estrela da companhia, passeia-se, com um ar descontraído, nas nossas mãos, braços, de cabeça em cabeça.

Ouvem-se os pássaros, o restolhar de um ou outro crocodilo, o chlép-chlép das pagaias a mergulhar na água, ouvem-se os sons do silêncio...

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