sábado, julho 06, 2013

É só fachada!


 
A história parece a cópia da criação do "meu" Porto Salvo: pescadores perdidos no meio de uma tempestade, a promessa de erigir qualquer coisa no sítio onde encontrassem abrigo, blá, blá...
Apesar de nada corresponder à verdade, ajuda a dar uma pincelada de cor que fica bem nos microfones dos guias turísticos. Não tendo sido criada pelo milagre da salvação dos aflitos, foi-o por um outro milagre: o da engenharia humana.

Quem passa pelas ruas animadas talvez não se aperceba mas Amesterdão é uma cidade palafita. Milhares de edifícios assentam sobre estacas que chegam a ter 30m, o comprimento que precisam para atravessar o que já foi um pântano e atingir solo mais firme.
As casas mantém um ar medieval bem conservado, com janelas que ocupam praticamente toda a frontaria, sem cortinas, escancaradas a deixar  entrar a luz e, antigamente e talvez ainda hoje, a mostrar a opulência dos interiores.
Uma placa complementa frequentemente o nº de porta, indicando a profissão ou a origem de quem lá mora. Indispensável numa cidade medieval onde poucas eram as pessoas capazes de decifrar alfabetos e quejandos.

 

São estreitas, muito, pois os impostos dependiam da largura da fachada. A mais pequena, com apenas 2m de largura, é um empilhado de andares de 12m2 cada. Acrescente-se-lhe o espaço para a escada e o que sobra não é muito. O dia deve ser um constante sobe-e-desce entre a o quarto, casa de banho, cozinha e sala, cada um em seu piso.


Têm no topo uma roldana para levar mobília e carga aos pisos superiores. E, para impedir que os objetos batam contra a parede, toda a fachada se inclina para a frente, como se quisesse espreitar quem toca à porta.

Têm tanto para ver, as casas de Amesterdão...

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