terça-feira, março 13, 2012

Daly Waters

É preciso sair da Stuart Highway para chegar a Daly Waters mas a povoação justifica os 3 quilómetros de desvio.

Talvez haja quem saia para ver a Árvore de Stuart, um eucalipto onde John MacDouall Stuart terá gravado um "S"  numa espécie de agradecimento por ter encontrado a água que lhe permitiu continuar a desbravar o caminho até ao norte. O eucalipto ainda lá está, raquítico e seco. De qualquer modo, é bem mais visível que o famoso "S" de Stuart, cuja descoberta parece estar reservada aos visionários e aos crentes.


Outros sairão rumo à abandonada pista de aviação de Daly Waters que foi ponto de paragem da corrida aérea Londres - Sidney e base dos aviões aliados na 2ª guerra mundial.

Mas o que leva a maior parte dos viajantes a abandonar a Stuart Highway é daly Waters elle-même. O povoado resume-se em meia dúzia de casas, um parque de campismo de ar pouco convidativo e um pub. O mais antigo da Austrália, boa comida, cerveja gelada e uma decoração que roça o surreal.


Junto à entrada, onde se joga bowling com calhaus, um semáforo sempre vermelho auto-denomina-se o mais remoto do país. Lá dentro é difícil descobrir o balcão do bar, que se esconde atrás de t-shirts, cuecas, bonés, soutiens, notas, latas ferrugentas, selas, retretes, uma árvore feita de chinelas, uma parafernália que em qualquer outra parte seria lixo, ... E em noites especiais entra em palco o Chicken Man com o seu chapéu em forma de casa onde se empoleiram alguns galináceos.


Daly Waters podia ser irreverente, mas não é, Daly Waters é kitsch, é uma homenagem ao mau gosto e é por isso mesmo, e pela cerveja fresca, que muito boa gente lá pára.


E o melhor a fazer é entrar no jogo, sorrir, tirar algumas fotografias, comer um hamburguer, beber qualquer coisa e ganhar fôlego para mais umas centenas de quilómetros pela estrada que rasga o centro vermelho.

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