segunda-feira, outubro 26, 2009

À espera da onda

Tudo começou nessa manhã, na praia de Morro Peixe quando, ao visitarmos a Marapa, ONG de protecção às tartarugas marinhas, deixámos cair a frase: "Que pena que não seja a altura da desova."
Da desova não era mas o sr. Hipólito, o responsável pelo centro, propôs que nos juntássemos a ele no lançamento à água de algumas tartaruguinhas. Ao pôr-do-sol, quando as aves de rapina já recolhem aos ninhos e os cães já são raros.

Chegou à hora marcada com um sorriso. Trazia milho assado para partilhar connosco, trazia um balde onde nadavam três pequenas tartarugas, três minúsculas criaturas de um verde-negro que contrastam já com as areias que o crepúsculo tornou rosadas.
Será que ouvem o roçagar doce das ondas, que sentem o cheiro a sal como apelos irresistíveis de alguma sereia?
Levam tempo a reagir. Uma cabecita que se volta para NE, depois outra e mais outra. Uma pata que esboça um movimento ligeiro ... e nada mais.


Esperamos ... esperamos ... esperamos...
A luz é já fraca quando uma delas caminha resoluta, diminui a distância à água. E pára. O mar está ali, a poucos centímetros.. E é a onda que avança, que a envolve, como que num abraço.

De respiração suspensa, emocionados, acompanhamos a cabecita que se mantém à tona de água por breves instantes, antes do mergulho que a leva para a aventura da vida.
Se tiver sorte, se conseguir escapar aos mil perigos e predadores, regressará a estas mesmas areias, desta feita para desovar. Só uma ínfima parte o consegue. Será uma delas? Imshalah.

sábado, outubro 24, 2009

Não, hoje ainda não é o dia

Às vezes há frases assim, que calam cá dentro. Chegam sorrateiras, num email, vindas de um blogue amigo: Ganhar metade para viver o dobro.

Num CD posto ao acaso Maria Rita canta:

Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar

e alguém rebate com o António Variações:

Muda de vida
Se tu não vives satisfeito
Muda de vida
Estás sempre a tempo de mudar

Muda de vida
Não deves viver contrafeito
Muda de vida
Se há vida em ti a latejar

Nesse mesmo dia chega um pacote de açúcar:


Ainda não é hoje o dia, mas talvez não esteja muito longe...




quarta-feira, outubro 21, 2009

Found Cameras and Orphan Pictures

Não é um post de viagens mas pode salvar algumas:
There's perhaps nothing as upsetting as losing your camera during a trip, particularly at the end, when all of your vacation photos go missing as well . Thankfully, the wonderful Web can often come in and act as a savior. Case in point: When Californian Nick Hare came across a camera while cycling in Maui, he picked it up and, after getting a digital card-reader, he found a photo of a young couple with their child. After posting the picture last week on a Facebook page he created to find the owners, a virtual six-degrees-of-separation pinballed its way through the social media sphere, and within a day, he tracked the couple down. He shared the news on the Facebook page:

The couple was found. I spoke with the husband today and will be mailing the camera tomorrow. They are from the Pacific Northwest and are currently visiting the East Coast. They received a text last night about me having their camera, about 24 hours after I posted the picture. Today they had people they haven't seen in years telling them that they lost their camera. Not quite knowing the power of the FB networking that was going on while they were on vacation, they didn't know how these people knew this. Which, I think is the best part of the story.

So what's the takeaway? First off, be sure to leave identification of some kind on your camera - be it your email or phone number on a sticker somewhere physically on the outside, or by taking a photo of your contact information and "locking" it on the camera's memory card. Too late? Try the site Ifoundyourcamera.blogspot.com, which reunites cameras and their owners.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Sahara, marche avec moi

D'abord, le récit de la vie de Lakhdar Khellaoui, Touareg né au Niger en 1959. Une vie d'un romanesque époustouflant. Lakhdar raconte, autour du feu, l'extraordinaire parcours de sa vie nomade : les campements de l'enfance, les dernières razzias, la mort frôlée neuf fois de près, ses nombreux gagne-pain pour assurer la subsistance de sa famille, son service militaire sur le Front Polisario, sa découverte de l'Europe, sa rencontre avec les Françaises, ses amours, ses allers-retours Paris-Sahara en tant que guide pour l'agence Nomade, enfin sa vie actuelle de citoyen de l'entre-deux, le Nord et le Sud, le nomadisme et la sédentarité, le désert et la ville. Le roman vrai d'un homme à la double culture-passeur des deux rives.

Puis le carnet de voyage du peintre et écrivain voyageur Simon, réalisé lors de deux marches fabuleuses au Tassili, en 2001 et en 2008, guidées par Lakhdar. Les deux hommes se sont rencontrés en 1984 au Sahara ; les hasards chevaleresques de la vie ont fait d'eux des frères voyageurs. Le livre se compose des planches réalisées sur place : somptueux paysages de grès, animaux, copies des fresques pariétales, arbres millénaires... Les matières du désert, sable, plumes, épines, s'invitent au coeur des gouaches pour rendre la sensualité aride du Sahara. Un récit de voyage jubilatoire - véritable hymne à la marche "qui décape, allège, réconcilie" - accompagne ce travail pictural. L'un allait vers le Nord, l'autre allait vers le Sud; à la croisée de leurs chemins de vie inversés, ils ont trouvé la fraternité.

(Na Amazon.fr)