quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Bairro Alto


Bairro Alto aos seus amores tão dedicado
Quis um dia dar nas vistas
E saíu com os trovadores mais o fado
Pr'a fazer suas conquistas

Tangem as liras singelas,
Lisboa abriu as janelas, Acordou em sobressalto
Gritaram bairros à toa
Silêncio velha Lisboa, Vai cantar o Bairro Alto

Trovas antigas, saudade louca
Andam cantigas a bailar de boca em boca
Tristes bizarras, em comunhão
Andam guitarras a gemer de mão em mão

Por isso é que mereceu fama de boémio
Por seu condão fatalista
Atiraram-lhe com a lama como prémio
Por ser nobre e ser fadista

Hoje saudoso e velhinho,
Recordando com carinho seus amores suas paixões
Pr'a cumprir a sina sua
Ainda veio pr'o meio da rua, cantar as suas canções

Trovas antigas, saudade louca
Andam cantigas a bailar de boca em boca
Tristes bizarras, em comunhão
Andam guitarras a gemer de mão em mão

Carlos do Carmo
(Carlos Simões Neves e Nuno Aguiar)

sábado, fevereiro 21, 2009

Lisboa, a 7ª Colina

Ao longo das arcadas do Terreiro do Paço, pensa o viajante como seria fácil animar estas galerias, organizando em dias certos da semana ou do mês pequenas feiras de venda e troca de selos, por exemplo, ou de moedas, ou exposições de pintura e desenho, ou instalando balcões de floristas, não faltariam outras e melhores ideias, puxando pela cabeça. Talvez, aos poucos, viesse a ser possível povoar este deserto que nem sequer tem dunas de areia para oferecer.

Para descansar e repousar-se o viajante foi ao Bairro Alto. Quem não tem mais que fazer alimenta rivalidades popiulares entre este bairro e Alfama. É tempo perdido. Mesmo pecando pelo exagero que sempre contêm as afirmações peremptórias, o viajante dirá que são radicalmente diferente os dois. Não é o caso de sugerir que é melhor este ou aquele, supondo que viria a concluir-se que significa ser melhor em comparações destas; é sim que Alfama e o Bairro Alto são antípodas um do outro, no jeito, na linguagem, no modo de passar na rua ou estar à janela, numa certa altivez que em Alfama há e que o Bairro Alto trocou por desaforo. Com perdão de quem lá viva e de desaforado nada tiver.

José Saramago
Viagem a Portugal

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Mergulho a seco

Mergulhe no fundo dos oceanos sem se molhar, à boleia do novíssimo Google Earth 5.0.
Persiga um tubarão-baleia, siga as barbatanas de Cousteau, descubra pontos de surf e mergulho, visite navios afundados, explore a fossa das Marianas . Atreva-se, molhe o pé, mergulhe, aprenda!

Veja a apresentação e descarregue-o aqui.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Sine-Saloum, entre a terra e o mar

Os braços do rio Saloum formam uma intrincada rede de canais que alberga um dos mais ricos eco-sistemas de África. Tão rico que as excepcionais quantidade e variedade de fauna e flora justificaram a inscrição como Reserva da Biosfera da UNESCO.
É um território híbrido, entre a terra e o mar, com centenas, se não milhares, de ilhotas que se alteram a cada mudança da maré. Inevitavelmente os serere, etnia dos habitantes do Saloum, são pescadores e a atracção pelo mar sente-se a cada instante.

De aspecto aparentemente inóspito o mangue é o meio ideal para os animais, que estão em toda a parte. Peixes, caranguejos, camarões, ostras que se agarram às raízes das árvores que a maré baixa deixa a descoberto e que provamos, grelhadas numa fogueira improvisada. Mangustos, lontras, macacos e pássaros, muitos pássaros...


(Veja a reportagem fotográfica sobre o Saloum, na revista GEO)