quinta-feira, abril 26, 2007

África à beira da estrada


Mais do que uma simples intersecção de estradas ou pistas, um cruzamento é um posto de vendas. No Malawi, onde a densidade populacional é elevada (144 habitantes por quilómetro qadradro contra, por exemplo, os 15 da Zâmbia ou os modestos 3 do Botswana) até as bermas são verdadeiros centros comerciais. Tudo se vende. Os amendoins, as frutas, a farinha e o açúcar, a cerveja e o detergente, mas também as roupas, os alguidares, a pá. E os móveis, os colchões e os caixões. Reparam-se bicicletas e rodas de carroças, vendem-se galinhas... Conversa-se, discute-se.. vive-se.
A África fervilha à beira da estrada.

quinta-feira, abril 12, 2007

Malawi - Nando´s


O símbolo, um escudo com um galo de Barcelos, não deixava margens para dúvidas. O Nando´s, a famosa cadeia de restaurantes de frango grelhado, tem origem portuguesa. Encontrámo-lo no Malawi, numa rápida passagem por Lilongwe, mas podia ter sido no Botswana, na África do Sul... ou no Sri Lanka, na Austrália, no Canadá, no Reino Unido, ... se por lá tivessemos passado.

O famoso Nando´s Peri-Peri Flame Grilled Chicken "é um milagre mas não cai do céu. Não, não, esta 8ª maravilha do mundo tem uma longa história por trás. Uma história de muitos séculos, quando os exploradores portugueses descobriram Moçambique e um tesouro chamado Africa Brid´s Eyes Chili." E o Nando´s não seria o que é sem Nandocas, os que, um pouco por todo o mundo, ajudam a fazer de uma refeição uma experiência única.
Minhaaaaammmm. E, para quando um Nando´s em Portugal?

terça-feira, abril 10, 2007

Zâmbia - Povo que lavas no rio...


Em África, como em qualquer parte do mundo, os rios desempenham funções vitais. À sua volta a actividade fervilha, seja nas artes da pesca, no lavar de roupas e corpos, no vaivém das canoas que permitem o contacto entre comunidades, a troca ou aquisição de produtos.
E nos sítios onde uma barcaça de ligação entre as margens afasta os crocodilos, o rio transforma-se numa festa. Mulheres, de capulanas garridas, juntam-se em grupos, conversam, riem, trocam os últimos mexericos e as mais recentes novidades, enquanto roupas e tachos são lavados nas águas pardacentas. E nem a passagem do nosso camião perturba a alegria das crianças que, por entre risos e salpicos, se entretêm num banho refrescante, na pausa que fizeram na recolha de água.

sábado, abril 07, 2007

Zâmbia - Parque de South Luangwa

Com os seus mais de 9000 km2 o Parque de South Luangwa é um dos maiores santuários de vida selvagem do mundo. O coração do parque, o rio Luangwa, alberga crocodilos e uma impressionante população de hipopótamos que é calculada em 50 por cada quilómetro do rio.
No safari que fizemos vimos antílopes, kudus, manadas de elefantes, alguns de muito, muito perto, zebras, girafas, cegonhas, águias.. Mas continua a faltar-nos os grandes felinos. Leões e leopardos.. nem sombra.


À noite, depois de um magnífico pôr-do-sol sobre as águas do rio, aproximámo-nos da margem na tentativa, vã, de registar os sons dos hipopótamos. Mas, a certa altura, achámos por bem desconfiar de um rochedo que se movia a uma dezena de metros e regressámos prudentemente ao acampamento. Em boa hora o fizémos pois, como não demorámos a perceber, era um hipopótamo que se aproximava do parque e chegou mesmo a entrar na zona do pequeno bar, sob o olhar assustado de quem lá estava.

domingo, abril 01, 2007

The longest shortcut


À saída de Kafue tomámos um atalho que nos faria chegar umas 3 horas mais cedo a South Luangwa, mesmo a tempo de um desejado banho na piscina do parque. Uma pista tortuosa, ora difícil de encontrar, ora inexistente, que em partes remotas de África os mapas nem sempre estão de acordo com o que se encontra no terreno.
Perdemo-nos, claro, não uma, mas várias vezes, e a miragem do banho esfumou-se na poeira da picada. Passámos aldeias com mulheres e crianças reunidas à volta das cubatas. Nem um homem, provavelmente a trabalhar nos campos, ou mais longe, nas cidades. Nem um velho, provavelmente porque lá não chegam...
Parámos para confirmar se estávamos no caminho certo. O olhar de estupefacção e os risos que se lhe seguiram não deixaram margem para dúvidas. Não, não só não estávamos no bom caminho, como nos estávamos a afastar. Muitas horas, vários quilómetros e aldeias depois, entrámos, aliviados, nos limites do South Luangwa Park.
Pouco duradouro foi, no entanto, o alívio, pois, ao atravessarmos o leito seco de um rio, o camião assentou a traseira numa das margens e dali não quis sair.



A noite caía e, à nossa volta, o parque com os seus animais (hipopótamos, leopardos, leões, elefantes...) Um vigia de cada lado para avisar da presença de algum animal e, mãos à obra.
Sob o olhar curioso de um grupo de elefantes que se aproximara, com pás, pedras, troncos, muito suor e algumas horas de esforço, conseguimos, finalmente, libertar o veículo e chegar, à meia-noite, à segurança do acampamento.
Aaaaaah.. as surpresas que um atalho pode trazer!