sexta-feira, março 15, 2013

De raquetes nos pés

 

De joelhos, uma ao pé da outra, as duas crianças começaram a quebrar o gelo. Bem depressa apareceu uma superfície verde, de um verde muito escuro. Era água, água que se cobria quase logo de uma fina camada de gelo.
Agora só nos resta esperar, — disse Grichka.
(René Guillot, in Grishka e o seu urso)


Foi o que fizemos . Não por muito tempo, diga-se. Ultrapassada a dificuldade de furar 70 cm de gelo, à custa de (alguns!) braços e uma broca, depressa nos apercebemos que os peixes não se deixavam seduzir pelo ar de brinquedo da caninha de pesca que nos puseram nas mãos. E a paisagem à volta merecia todos os nossos olhares.

 
O resto do grupo secundou-nos na devolução dos engenhos piscatórios dignos do Toys "r" Us e as raquetes pisam agora os caminhos feitos de neve que sobem e descem as colinas da floresta. E se nos trilhos a progressão é fácil, fora deles o fácil é enterrarmo-nos até aos joelhos, mergulharmos na neve fofa e ficar à espera de uma alma caridosa que nos ajude a regressar à posição vertical.

Apesar do frio, suamos na subida até à cascata congelada, que não nos consegue convencer dos benefícios de um duche gelado.


Ao longe os pinheiros banhados por um sol dourado marcam a fronteira russa ainda marcada pelos tempos da guerra fria onde até o tempo para atravessar a extensa terra-de-ninguém é controlado (o que acontecerá a quem o exceder?)

 (foto RCC)
A sol já está fraco quando regressamos à base e arrumamos as raquetes. Amanhã será outro dia, outra experiência.