Chamava-se João Nepomuceno, era padre, e recusou-se a revelar ao rei Venceslau os segredos que a rainha lhe revelara em confissão. Como castigo foi atirado de uma ponte para as águas do Vlatva. Como prémio, fraca consolação, foi canonizado e a sua estátua é uma das que ornamentam a ponte Carlos, em Praga.
É cedo, apesar do sol já ir alto no céu de agosto. Partilho a ponte com alguns, poucos, japoneses, que, como eu, aproveitam a tranquilidade matutina. Aos poucos a cidade desperta, espreguiça-se abraçada ao rio. Passam bicicletas, passeiam-se crianças e cães, os pescadores instalam-se no seu canto preferido.
Os primeiros vendedores instalam as bancas de lembranças e gravuras à espera dos visitantes que não tardam a chegar. Os carteiristas virão logo a seguir e também os músicos que alegrarão o dia com uns acordes de jazz.
São horas de partir, de subir até ao castelo e à catedral, descer por ruelas cheias de pormenores, parar no relógio para olhar personagens e planetas, e ficar também a ver quem para ele olha.
A noite cai acompanhada por um copo de cerveja local e deixo que os meus sonhos sejam embalados pelo balancear do "botel" atracado no cais. Boa noite, Praga.