A nossa chegada a uma margem desvia as aldeais da dureza das lides diárias: somos uma atracção. As crianças surgem em primeiro lugar. Muitas! Doenças, problemas de nutrição ou acidentes, que aqui envolvem afogamentos ou ataques de crocodilos, matam quatro das sete que em média as mulheres malgaxes têm. As que sobrevivem, pelo menos as destas zonas afastadas dos centros urbanos, têm um comportamento exemplar.
Somos recebidos com alegria, olham-nos com atenção, riem entusiasmados com as suas imagens nas máquinas digitais mas, passados os primeiros minutos de excitação, sentam-se perto de nós. E como são sossegados! Dê-se uma bolacha a uma das crianças e, em vez de a vermos afastar-se para comer o seu troféu longe dos outros, assiste-se ao repartir da pequena guloseima por todos, que esperam pacientemente a sua vez. Brincam sem gritos, sem disparates, sem que seja preciso que alguém mais velho os impeça de fazer algo que possa representar um perigo. Os mais velhos, muitas vezes com os seus 5 ou 6 anos, ocupam-se dos mais pequenos com um cuidado e desvelo impressionantes.