quinta-feira, janeiro 27, 2011

Não há amor como o primeiro...

Com a crise política da Tunísia a ser notícia, veio à memória a viagem que aí fiz na primavera de 1997: o meu primeiro deserto.
Éramos seis, todos portugueses, guiados por Salah e sob os cuidados de Brahim, que se ocupava da comida e dos três camelos que carregavam sacos e colchões, comida, água e todo o resto.

Sem jipes de apoio, que sempre permitem alguns "luxos", foi o deserto mais desconfortável de entre a meia dúzia que já fiz. Mas foi o mais puro, aquele em que mais lhe senti a vastidão e o isolamento, foi o deserto mais deserto.


Durante seis dias espantámo-nos com os rastos que os escaravelhos deixavam à volta dos nossos sacos-cama, sinal de que os tinham rondado enquanto dormíamos, encontrámos lagartos, víboras e escorpiões e até a visão surreal de um pastor elegantemente vestido com um blazer bordeaux.

Aprendemos a cantar e a contar em tuaregue, jogámos ao galo com excrementos secos de camelo. Comemos pão cozido na areia e bebemos água da cor de Ice Tea e onde flutuavam pêlos da cabra que servia de barril.

Avançámos ao sabor do tempo, subindo e descendo dunas açoitados pelas areias que o vento muito forte espalhava pelos ares e pelo céu. Disputámos com os camelos os abrigos que nos protegiam do sol e do ventos que nos cobria de areia.

Subimos ao alto de uma duna a ouvir o silêncio, a ver as estrelas e a lua que pintava de prata as areias claras.

Trouxemos as linhas da palma da mão marcadas a areia, trouxemos o deserto impregnado na alma.


Ai... o primeiro amor...

sábado, janeiro 15, 2011

Parecem bandos de pardais à solta...

Pardais, não, mas aspirantes a fotógrafos. E lá andávamos em pequenos grupos, saltitando como pardais de assunto em assunto, um rosto aqui, um balcão de especiarias ali, um pormenor arquitectónico acolá...

E, embora percorrêssemos as ruas de Eskisehir separados em bandos de quatro que seguiam cada um o seu percurso, inevitavelmente as nossas vítimas eram assediadas pelas objectivas dos grupos que se sucediam. Não foram raras as vezes em que nos cruzávamos uns com os outros, altura em que nos divertíamos a apanhar a imagem de alguém que fotografava alguém que, por sua vez, também fotografava outro alguém. Ou a registar as poses menos convencionais dos que procuravam um outro ângulo, um outro olhar.


Fotos: Mochila às Costas, grupo EFSAD

sábado, janeiro 01, 2011