domingo, outubro 28, 2007

Manhã, tão bonita manhã

Como é hábito acordo antes dos outros - o que me fez merecer a alcunha de "estrela da manhã" - e sento-me à beira-rio.
O doce chlap das águas... O concerto estridente dos papagaios cinzentos que vemos durante o dia pára e dá lugar aos prrrrriiiiiiiii, aos uic-uic de outros pássaros, aos bzzzzzzzzzzzzzzz e ploc dos insectos. As estrelas apagam-se lentamente para dar lugar ao sol que pinta de vermelho a névoa que se levanta das águas...

Pouco a pouco o acampamento desperta. Aos sons da natureza juntam-se as vozes dos remadores, a louça a ser lavada, a preparação do pequeno-almoço.
As galinhas que nos acompanham passeiam-se junto às tendas. (Não o sabem mas hão-de fazer parte de um jantar.) O cheiro a café convida os mais resistentes a sair das tendas. A conversa escorre, animada.
Bom dia Manambolo!

sábado, outubro 20, 2007

O som do silêncio

A corrente é reduzida, a profundidade da água também. Avançamos num ritmo pausado, aos ziguezagues, para tentar escapar aos muitos bancos de areia que assoreiam o rio. Nem sempre o conseguimos mas felizmente Lungo, o 3º membro da tripulação da nossa canoa, está lá e, num instante, flutuamos novamente nas águas avermelhadas do Manambolo.
Turistas, como nós, não vemos. A agência com quem viajamos, a MadCameleon, tem o exclusivo da exploração do rio e organiza os circuitos de modo que cada grupo viaje isolado. O rio é nosso!

Ou quase... Das margens surgem, de vez em quando, mulheres que acenam à nossa passagem, crianças que nos saúdam com um bem disposto "Salama, vazahas" a que respondemos com o "Salama, gasys". Cruzamos uma ou outra canoa com habitantes locais à pesca ou a transportar pessoas e mercadorias.
E há pássaros, muitos. Andorinhas, papagaios, peneireiros, garças, abelharucos, a visão fugaz dos guarda-rios. Os peixes saltam, como que a manifestarem o seu desagrado por perturbarmos o seu banho. Não raras vezes um, mais enérgico, aterra dentro de uma canoa.
O olhar treinado de um dos remadores descobre um primeiro camaleão nos ramos junto à margem. Paramos e o bichito, rapidamente transformado em estrela da companhia, passeia-se, com um ar descontraído, nas nossas mãos, braços, de cabeça em cabeça.

Ouvem-se os pássaros, o restolhar de um ou outro crocodilo, o chlép-chlép das pagaias a mergulhar na água, ouvem-se os sons do silêncio...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Álbum de fotografias

Algumas imagens da primeira parte da viagem a Madagáscar - a descida do rio Manambolo em canoagem - estão reunidas neste álbum no Picasa. Há fotografias comuns mas nem todas as do blogue estão no álbum e só um reduzido número das do álbum vão aparecer no blogue. O melhor, portanto, é olhar para os dois.

domingo, outubro 07, 2007

Por este rio abaixo

Sentamo-nos na margem do rio enquanto Sarindra, a nossa guia, escolhe, entre os muitos homens e rapazes presentes, os que nos vão acompanhar na descida do Manambolo. É longo o processo pois cada um quer explicar porque é que deve ser escolhido e a todos Sarindra faz perguntas, escuta com atenção. Sem perceber patavina do que se discute aproveitamos para uns momentos de descanso à sombra de uma árvore que partilhamos com as mulheres, crianças, galinhas e patos que se nos juntaram.

Finalmente a equipa está completa, o pagamento acordado. Com o salário médio em Tana a rondar os 32 euros, os 10 que cada um recebe pelos oito ou nove dias de trabalho é uma verdadeira fortuna que faz dos remadores os mais ricos da aldeia.
Carregam-se 13 canoas com as tendas, os sacos, água e comida. Seis delas transportam os vazahas e as restantes o material que nelas não coube. Mas não partimos sem a cerimónia do fomba. De cócoras na margem do rio escutamos Davidson, o líder dos remadores, pedir a benção dos antepassados e dos deuses do Manambolo. Um golinho de rum num copo que passou de mão em mão e... splash!.. partimos.